— Capitão — a voz de Garrick me arrancou do passado. — A tripulação tá comentando. — Ele acendeu um cachimbo de ópio. — Dizem que a garota é bruxa. Que trouxe a tempestade.
Olhei para o horizonte. O céu estava limpo, estrelado, mas um bom pirata sabe que não deve confiar no céu limpo.
— E você? Acredita nessa bobagem?
Ele cuspiu no chão.
— Acredito que você tá arriscando o pescoço por uma mina que nem sabe amarrar um nó.
Sorri, sem humor.
— Eu arrisco meu pescoço todo dia, Garrick. Pelo menos dessa vez, o prêmio é bonito.
Ele bufou, mas não discutiu. Ninguém no Arraia discutia comigo. Não depois do que eu fiz por eles.
— E se ela tentar fugir?
— Não vai.
— Como pode ter tanta certeza?
Encostei na amurada, sentindo o sal grudar na minha pele.
— Porque ela não tem pra onde ir.
— Você me disse que quem não tem nada a perder, não tem nada a temer.
Encarei meu imediato por alguns segundos, tentando encontrar algo para dizer que provasse que ele estava errado, mas