A manhã chegou envolta em um céu limpo, azul intenso, o tipo de céu que dava vontade de respirar fundo e sentir o mundo inteiro acordando junto. As primeiras luzes filtravam-se pelas frestas das folhas, fazendo pequenos reflexos dançarem sobre o chão de madeira da cabana. Marina despertou primeiro, o corpo ainda pesado pelo cansaço e pelas emoções da noite anterior. Cada respiração de Kieran, compassada e profunda, soava como um ronronar grave, ecoando dentro do peito dela, provocando um sorriso involuntário e uma sensação de segurança que ainda não conseguia compreender por completo.
Ela se virou lentamente, observando-o dormir. Ali, deitado, parecia menos o lobo imponente que comandaria a alcateia e mais um homem vulnerável, exposto e humano, de cabelos negros espalhados desordenadamente pelo travesseiro, os traços relaxados contrastando com o habitual ar de autoridade que carregava. Marina estendeu a mão, quase hesitando, e tocou o ombro enfaixado. A bandagem estava firme, o tecido