O dia avançava lentamente enquanto o grupo continuava sua jornada pelas terras do Norte. O frio se intensificava conforme subiam as trilhas rochosas, e o vento cortante carregava um cheiro de neve distante. Cada passo os afastava mais da segurança da matilha e os aproximava do desconhecido.E daquilo que os seguia.A sensação de serem observados persistia, uma presença silenciosa que nunca se revelava. Mas, assim como o ancião dissera, eles não seriam os primeiros a agir.Não enquanto não fossem atacados.---A Fúria da MontanhaAo final da tarde, o terreno começou a mudar. As árvores altas deram lugar a formações rochosas irregulares, criando desfiladeiros estreitos e perigosos. As fendas no solo se tornavam armadilhas mortais para os menos atentos, e cada pedra solta sob os pés era uma ameaça.Foi Ethan quem primeiro percebeu.— O vento mudou — murmurou, farejando o ar. Seu corpo lupino estava r
A tempestade da noite anterior havia deixado o solo úmido e o ar carregado com o frescor da chuva. A caverna onde o grupo se abrigara oferecera uma proteção precária contra o frio cortante, mas ninguém dormira profundamente. O ataque das criaturas, a presença invisível que os acompanhava, e a incerteza da jornada pesavam sobre todos.Ao primeiro sinal de luz infiltrando-se na entrada da caverna, Damian foi o primeiro a se levantar, movendo-se silenciosamente para observar o exterior. O céu estava carregado de nuvens, mas a chuva havia cessado. O vento soprava entre as rochas, sussurrando segredos que apenas a montanha conhecia.Amélia despertou pouco depois, seus olhos encontrando imediatamente os de Damian. Ele sorriu de leve, um gesto discreto, mas que a aquecia mais do que qualquer fogo.— Está na hora de planejarmos nossos próximos passos — murmurou ele, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar.Ela aceitou o toque, sentindo a fi
O silêncio da floresta era enganoso. Depois do breve momento de descanso na caverna, o grupo retomara a jornada, avançando por um terreno irregular e úmido. A névoa rasteira se arrastava entre as árvores torcidas, como dedos espectrais tentando alcançá-los. O ar carregava um cheiro de terra molhada misturado a algo metálico… algo que fazia os pelos na nuca de Amélia se arrepiarem.Damian caminhava à frente, os olhos âmbar atentos ao menor movimento. Seus sentidos captavam a presença de algo não natural, algo que os observava. Amélia sentia o mesmo. Desde que tinham deixado a clareira, a sensação de serem seguidos não os abandonava.O ancião mais velho, sempre calmo, parou abruptamente e olhou para a escuridão entre as árvores.— Não estamos sozinhos — murmurou.A tensão no grupo aumentou instantaneamente. Ethan, ainda em sua forma humana, segurou firme o punhal em sua cintura.— Está quieto demais — ele sussurrou, trocando
Capítulo 36 – O Nome Oculto O grupo seguiu em frente, cortando a densa floresta com passos cautelosos. O ataque das criaturas ainda pesava sobre suas mentes, e a estranha presença que os havia ajudado pairava no ar como um enigma sem resposta. O caminho tornava-se mais difícil à medida que avançavam, com galhos secos estalando sob seus pés e a vegetação fechada dificultando a passagem. Amélia sentia o cansaço pesar sobre seus ombros, mas sua mente estava inquieta demais para sucumbir à exaustão. A sensação de estar sendo observada não a abandonava, e a lembrança da força invisível que interveio na batalha a deixava alerta. Depois de horas de caminhada, Damian ergueu a mão, sinalizando para que parassem. — Aqui — disse ele, apontando para uma pequena clareira entre as árvores. — Vamos descansar um pouco antes de continuar. O grupo concordou silenciosamente. A lua começava a subir no céu, lançando um brilho prateado sobre as folhas úmidas. O frio da noite se instalava, tornando o am
A jornada prosseguia com o peso das revelações recentes ainda pairando sobre o grupo. O nome Zard ecoava na mente de Amélia como um enigma que ainda precisava ser desvendado. O ancião, como sempre, manteve sua expressão tranquila, sem dar mais explicações além do que já havia dito.O cansaço acumulado nos últimos dias começava a se fazer sentir em cada passo, mas algo estava diferente naquela manhã. O sol brilhava com mais intensidade entre as copas das árvores, o vento era mais suave, carregando consigo um aroma de terra úmida e folhas frescas. Depois de tanto tempo envoltos em incertezas e perigos, aquela sensação parecia quase reconfortante.Damian caminhava ao lado de Amélia, atento a cada detalhe ao redor. Seus sentidos sempre alertas captavam qualquer movimento suspeito, mas, naquele momento, tudo parecia… em paz.Foi então que, ao dobrar uma trilha sinuosa entre as rochas, um brilho inusitado chamou a atenção do grupo.— O que é a
A manhã surgiu serena sobre o lago dourado, com os primeiros raios de sol filtrando-se entre as folhas e lançando reflexos brilhantes sobre a água cristalina. O ar era fresco, carregado com o perfume úmido da vegetação, e, por um raro momento, tudo parecia em equilíbrio.Amélia abriu os olhos devagar, sentindo o calor do corpo de Damian ao seu lado. Desde a noite anterior, a conexão entre eles parecia ainda mais intensa, como se o tempo que passaram juntos à beira do lago tivesse selado algo invisível entre suas almas.Damian já estava acordado, observando-a com um olhar carregado de ternura e algo mais profundo, como se estivesse gravando cada detalhe dela em sua mente.— Bom dia — ele murmurou, deslizando os dedos pelo rosto dela.Amélia sorriu, sentindo um calor reconfortante se espalhar por seu peito.— Bom dia.Por um instante, permitiram-se apenas ficar ali, aproveitando a paz rara que aquele momento lhes oferecia. Mas
A floresta ao redor da ruína parecia mais silenciosa do que antes, como se segurasse o fôlego diante do que estava por vir. Amélia ainda sentia os resquícios do arrepio causado pela voz misteriosa, mas forçou-se a concentrar-se na jornada. A escolha será sua, loba branca. As palavras ecoavam em sua mente como um chamado que ela ainda não compreendia completamente.Zard permaneceu por um longo tempo observando as marcas antigas na pedra, os dedos trêmulos percorrendo os símbolos com uma expressão fechada. Damian ficou próximo de Amélia, os olhos atentos a qualquer sinal de perigo.— Precisamos seguir em frente — declarou o ancião finalmente, voltando-se para o grupo. — Este lugar guarda segredos que não devemos desvendar agora.Houve um murmúrio de assentimento entre os membros da matilha, e logo retomaram a caminhada, adentrando a densa vegetação. Amélia sentia o peso do olhar de Damian sobre ela, como se ele percebesse que algo estava diferente, mas optasse por
O silêncio que se seguiu ao desaparecimento de Selene foi quase sufocante. A floresta, antes repleta de murmúrios naturais, parecia ter parado no tempo. Amélia tentou captar algum vestígio da presença da mulher, mas era como se nunca tivesse estado ali.Zard virou-se lentamente, os olhos fixos no ponto onde Selene estivera momentos antes. O peso dos anos parecia mais evidente em sua expressão, como se um fardo há muito carregado tivesse se tornado ainda mais pesado.— O que diabos foi isso? — Damian foi o primeiro a quebrar o silêncio, sua voz carregada de frustração. Ele olhou para Zard, exigindo respostas.O ancião respirou fundo antes de responder.— Selene… — ele murmurou. — Um fantasma de um tempo que tentei esquecer.— Isso não nos diz nada! — Amélia retrucou, sentindo um misto de irritação e