A batalha alcançou seu ponto culminante, e a escuridão parecia engolir tudo ao redor de Amélia. Cada golpe que ela desferia, cada movimento de sua loba branca, gerava uma explosão de luz, mas também uma grande resistência da escuridão que Gabriel controlava. O campo de batalha estava cheio de uma energia quase tangível, um choque de forças que fazia o ar vibrar. Gabriel, com seu sorriso cruel, parecia inquebrável. Ele lançava ondas de sombras contra Amélia, suas mãos se movendo como se ele fosse um mestre de um jogo perverso, cada golpe mais forte que o anterior.
Mas, no momento em que a loba branca se lançou contra ele mais uma vez, algo mudou. Amélia sentiu uma onda de calor, uma sensação que não conseguia entender, e de repente, sua visão foi tomada por um brilho intenso. Ela estava lutando, mas, ao mesmo tempo, algo profundo den
A caminhada até a casa da matilha foi silenciosa, mas cheia de uma tensão palpável. A floresta ao redor estava mais viva do que nunca, como se tivesse se regenerado com a queda de Gabriel, mas, ao mesmo tempo, havia uma sensação estranha que pairava no ar. Os sons da natureza, que antes estavam abafados pela escuridão, agora pareciam mais nítidos, mais claros, mas algo dentro de Amélia estava em desacordo com esse novo mundo ao seu redor. Algo a incomodava, uma sensação de que algo ainda não estava resolvido.O grupo estava exausto. Embora a vitória tivesse sido conquistada e a matilha estivesse finalmente retornando ao seu refúgio, o cansaço físico e emocional ainda os consumia. A transformação de Amélia, a luta contra Gabriel e os poderes que ela despertou dentro de si haviam deixado marcas profundas, mas, ao mesmo tempo, um sentimento de renovação parecia ter se instalado em seu coração. A floresta estava mais leve, o ar mais puro, e, por um momento, parecia
A floresta, agora regenerada após a derrota de Gabriel, parecia respirar ao redor do grupo. O ar fresco, a clareza das árvores e o som dos pássaros reanimados eram um contraste com a escuridão que havia consumido a terra por tanto tempo. Porém, para Amélia e Damian, algo mais pesado pairava sobre eles — um fardo invisível, mas presente, que os impedia de desfrutar da paz recém-descoberta.O grupo caminhava em silêncio, mas não era um silêncio confortável. Cada um deles estava imerso em seus próprios pensamentos. Amélia sentia a força do vínculo com seus companheiros, mas também sentia uma lacuna, uma ausência da conexão mental que antes havia compartilhado com eles. Algo estava diferente, mas ela não conseguia identificar exatamente o que.Damian, ao seu lado, também estava quieto, seus passos pesados. O lut
A noite na casa da matilha estava silenciosa, com a única companhia do fogo crepitando suavemente na lareira. A escuridão lá fora parecia imensa, mas dentro, a luz suave das chamas lançava sombras que dançavam nas paredes de madeira, criando um clima íntimo e acolhedor. O cheiro de terra úmida e madeira queimada preenchia o ar, um contraste que se misturava ao calor da lareira e à intensidade que ainda pairava no ambiente.Amélia e Damian estavam novamente sozinhos, longe do resto do grupo. Eles haviam se afastado do fogo, sentando-se em um canto mais isolado da casa, onde as sombras pareciam envolvê-los em uma intimidade inexplicável. Não havia mais palavras entre eles, apenas o som suave das respirações e os olhares carregados de uma tensão quase palpável.Amélia sentia seu coração acelerar cada vez que os olhos de Damian s
O sol da manhã começava a infiltrar seus raios dourados através das árvores, iluminando a floresta ao redor da casa da matilha. O calor suave da luz do dia era um contraste com a noite anterior, que ainda pairava nas lembranças de Amélia. Ela acordara cedo, como se o peso da noite e o calor de seus próprios pensamentos a tivessem acordado antes que o dia começasse. O corpo ainda se sentia quente, o coração ainda batia mais rápido com a memória da proximidade com Damian. Aquelas sensações, aquelas descobertas, ainda estavam frescas em sua mente.Ela saiu para o jardim, onde as folhas úmidas e a brisa suave do amanhecer a acolheram. O aroma da terra misturado com o cheiro fresco das árvores a fazia se sentir mais viva, mais consciente de tudo ao seu redor. Mas algo dentro dela ainda estava inquieto. Era uma sensação nova, algo que ela nunca
A noite caía silenciosa sobre a floresta, com a lua subindo lentamente no céu, agora mais luminosa e poderosa do que jamais fora. As estrelas ao redor pareciam brilhar com uma intensidade renovada, como se estivessem acompanhando a jornada final de Amélia e Damian. O ar estava fresco, mas carregado de uma eletricidade palpável, como se a própria natureza estivesse prestes a dar um passo importante em seu ciclo eterno.Amélia e Damian estavam à beira de uma clareira, a mão de Amélia firmemente entrelaçada na de Damian. O toque entre eles era mais do que físico — era uma conexão que transcendia os corpos, tocando o espírito e a alma. Havia algo mágico no ar, algo que os chamava para o que estavam prestes a enfrentar. A matilha os acompanhava, em um círculo de respeito silencioso, mas seus olhos estavam atentos, como se soubessem que algo extraordiná
Antiope era uma vila cercada por colinas ondulantes e bosques de carvalhos tão antigos quanto o próprio tempo. As casas de pedra, cobertas de trepadeiras floridas, pareciam emanar um calor acolhedor, mas sob essa aparente tranquilidade escondia-se um medo enraizado. O nome do Alfa ressoava como um trovão nas conversas sussurradas. Ele governava não apenas a vila, mas também os corações de seus habitantes, que andavam sempre com olhares baixos e passos apressados, como se até mesmo o vento pudesse levar suas palavras para ouvidos errados.No meio dessa realidade opressora, vivia Amélia.Desde muito jovem, a vida lhe ensinara a sobreviver com pouco. Seus pais foram arrancados dela antes mesmo que tivesse idade para compreender a dor da perda. A memória deles era um borrão distante, fragmentos de vozes e risadas que às vezes vinham nos sonhos, apenas para desaparecer ao amanhecer. A vila, que deveria ter sido seu lar, virou um lugar onde não havia espaço para uma órfã. Sem ninguém que a
O silêncio entre eles era espesso como a neblina que pairava sobre a floresta. Amélia caminhava um passo atrás do filho do Alfa, os olhos atentos a cada detalhe do caminho. As árvores pareciam se curvar à presença dele, os pássaros silenciavam ao seu redor, e até o vento hesitava em soprar. Ela deveria ter fugido. Deveria ter resistido. Mas algo nela — talvez o instinto, talvez o cansaço de viver sozinha — a impediu. O cheiro de terra úmida começou a se misturar com algo mais denso, algo que fazia seus pelos se arrepiarem: o cheiro de outros lobos. Eles estavam perto. Muito perto. Seu coração começou a bater mais forte. O que ele queria com ela? Quando os portões da matilha surgiram à frente, sua respiração ficou rasa. Eram enormes, de madeira escura reforçada com ferro, e guardados por dois homens de olhar predador. Eles a observaram com curiosidade, mas não ousaram questionar o filho do Alfa quando ele passou por eles, trazendo-a consigo. Amélia se encolheu ao sentir dezenas de
Amélia tentou lutar contra o sono.Se dormisse, talvez acordasse em uma armadilha. Talvez descobrisse que tudo aquilo — o banho quente, as roupas limpas, a comida abundante — fosse apenas um truque cruel antes de seu verdadeiro destino.Ela já ouvira histórias assim antes. Promessas de conforto, de segurança, apenas para serem substituídas pelo frio da traição. Sua vida lhe ensinara a desconfiar da bondade, a questionar gestos gentis. Sobrevivência não permitia ilusões.Mas o cansaço, esse inimigo silencioso, foi mais forte.Seu corpo cedeu, vencido pelo esgotamento acumulado de tantas noites mal dormidas, de tantos dias fugindo, se escondendo, sempre à beira do colapso. O colchão, macio como um abraço esquecido, envolveu-a, e, antes que pudesse resistir, seus olhos se fecharam.O sono veio como uma onda morna, arrastando-a para um lugar onde, por um instante, não havia medo.Quando o sol começou a se erguer no horizonte, uma fragrância familiar despertou seus sentidos.Era um cheiro