— Você me vigiou a noite toda? — perguntou ele. — Você não queria ir para o hospital, e eu cuidei de seus ferimentos, é claro que eu deveria ficar vigiando você. Ele assentiu, ao perceber que ela parecia constrangida com sua pergunta. Alguns segundos depois, ela se levantou e se sentou ao seu lado. Rosalie olhou para o ferimento em sua barriga, e franziu o cenho. — Você poderia ter morrido, porque fez aquilo? Por que lutou? Havia algo de diferente na voz dela, ele notou. Havia uma espécie de tristeza profunda ali. Como se ela preferisse ter se entregado do que vê-lo lutar por ela, e apenas esse pensamento o deixou aterrorizado. — Pensa que eu deixaria que eles a levassem? Eu jamais permitiria. — respondeu Duncan, seu coração batendo como um louco. Ele estava mais do que disposto a morrer novamente para proteger aquela mulher. Ela o encarou, e seus olhos ficaram marejados. — Não era seu dever me proteger, precisa se proteger! Devia ter deixado que me levassem. — Nunca faria isso. — disse de modo firme. — Por quê? Qual a razão de arriscar sua vida assim? Não sou sua mulher ou da sua família. Aquilo o fez arregalar os olhos. Ela era tudo para ele, nem a morte sendo capaz de fazê-lo esquecer isso. Rosalie Valois era a mulher mais feliz do mundo. Com um marido apaixonado e filhos, quando de repente uma explosão mata o seu marido. Ela jurou que o assassino pagaria pelo o que fez com Duncan Valois. Rosalie só não esperava que o seu marido retornasse dos mortos. Ela o reconheceria?
Leer másFrança Lille
Janeiro de 1986Rosalie Corse suspirou e olhou para o teste de gravidez positivo em suas mãos trêmulas.O que ela deveria fazer agora? Grávida aos dezessete anos...Ela respirou fundo enquanto suas mãos suavam ao colocar o teste em seu bolso, então voltou para a recepção da loja de conveniência onde trabalhava.No instante que se recolocou atrás do caixa, o sino da porta ressoou com a entrada de um grupo de jovens.Ela engoliu em seco ao ver Duncan Valois.Quando seus olhares se encontraram ele sorriu imediatamente.Os outros garotos pegaram suas cervejas e pagaram.Rosalie evitou o olhar de Duncan todo o tempo, mantendo o olhar baixo e fingindo estar ocupada organizando prateleiras.Quando ouviu o sino novamente na porta respirou aliviada, contudo, o alívio durou pouco.— Por que está me evitando, Rosalie?A voz grave dele a fez derrubar alguns itens de limpeza, antes que os alcançasse no chão ele se abaixou bem ao seu lado e lhe entregou.Rosalie se viu refém de seu olhar verde inquisidor.Duncan era vários centímetros mais alto que ela, seus ombros largos e rosto completamente masculino sempre o destacavam dos demais.Ele possuía apenas dezoito anos, contudo, seu olhar verde sempre fora confiante e impetuoso.Nunca o viu recuar, e sabia que ele não começaria agora.— Não o estou evitando, apenas tenho trabalhado muito. — Mentiu.Quando tentou passar por ele, foi contida por suas mãos grandes que a seguraram pelos braços.Duncan a pressionou levemente contra a prateleira de objetos e a forçou olhar em seus olhos, direto e implacável ele pronunciou:— Quando mentir olhe nos meus olhos, Rose.Ela engoliu em seco, enquanto sentia as mãos dele em sua pele, seu corpo sendo pressionado ao dela, enquanto seu coração acelerava cada vez mais.Duncan a encarava, seu olhar firme.— Solte-me, Duncan. — Ordenou-lhe.Ele não a soltou, ao invés disso, ergueu levemente sua mão e acariciou seu rosto.Rosalie engoliu em seco.— Diga-me o que a aflige e eu farei parar. Apenas diga, querida. — Sua voz era terna.Ela quis empurrá-lo, e gritar com ele por ser tão gentil quando ela o estava evitando há dias, mas não o fez, apenas puxou o teste de gravidez positivo e mostrou-lhe.Quando Duncan viu o teste ele a soltou, e recuou alguns passos.Seu olhar pela primeira vez saiu de seu rosto e se fixou em seus pés.— Como fará parar, Duncan Valois? — Ela o desafiou.Quando ele apenas devolveu-lhe silencio, ela virou de costas para ele e continuou a organizar as prateleiras.De repente ouviu algo que nunca esqueceria.— Case-se comigo, e juro que nem a morte me fará deixá-la.Rosalie se voltou para ele, e viu Duncan ajoelhado segurando uma aliança.[...]Dezessete anos depois.Rosalie caminhou pelo casarão e verificou se as crianças já estavam prontas para o jantar. Após se certificar disso foi até a lavanderia e colocou alguns lençóis para lavar.Depois fechou algumas janelas da sala de estar e se encaminhou para a escadaria até seu quarto.Quando a mulher entrou no quarto a primeira coisa que notou foi o vento gelado da noite.Rosalie olhou para as portas de vidro abertas, quando se aproximou para fechá-las percebeu que Duncan estava recostado na amurada da varanda.Ela o observou por alguns segundos.Suas costas musculosas tensionadas, os ombros largos e as pernas longas e sólidas, ele parecia alheio a sua presença.— Duncan?Ela o chamou, porém, ele não se virou.— Eu vi uma estrela cadente, Rose. — disse-lhe Duncan depois de alguns segundos, então lentamente se virou para ela.Rosalie suspirou ao encontrar seu olhar verde.— Precisamos nos arrumar, para a recepção no Picardie-Baux. — O lembrou.Ele assentiu, seu olhar em seus lábios.Ela o observou parado, com as costas apoiadas na amurada e agora com os braços cruzados.Seus bíceps ficaram maiores ao cruzar os braços.— Venha aqui. — Ele a chamou.Ela sabia que aquilo era uma ordem, contudo, não obedeceria.Estavam quase atrasados e Duncan nem se vestira.Quando Rosalie lhe deu as costas, levou apenas um segundo para que ele mergulhasse sua mão em seu cabelo...Duncan de alguma forma diminuiu a distância entre eles e afundou seus dedos em seus cabelos, com firmeza ele a virou para ele.Ficaram se encarando, enquanto ela o observava se aproximar ainda mais.Rosalie mergulhou em seus olhos verdes era um mar misterioso e profundo.Duncan a pressionou contra a lateral da parede, ela sentiu seus dedos da outra mão roçarem sua perna desnuda, lhe causando arrepios.Deus ... Não tinham tempo para isso ...Então por que seu corpo estava se deixando dominar por ele?— Eu fiz um pedido ... — sussurrou ele, contra seus lábios.Duncan subiu mais sua mão, seus dedos acariciando sua coxa e se aproximando perigosamente de seu sexo.Enquanto a outra mão estava mergulhada em seus cabelos, a dominando pela nuca.Mantendo seu olhar sobre ele.Rosalie estava dominada de todas as formas, e não protestou contra aquilo.Ela mergulhou no amor que ele lhe oferecia.Queria se afogar nele.— Qual? — perguntou-lhe, ciente de sua voz rouca.Duncan sorriu contra seus lábios, seus narizes se tocando e outras coisas mais.— É segredo, minha querida.Ele a beijou nos lábios e a deixou parada na varanda, suas pernas trêmulas e seu centro aceso para ele.[...]Picardie-Baux— Ela nem mesmo disfarçou. — Resmungou Rosalie ao marido.Ele tirou o olhar da taça de vinho para encará-la, seus olhos cinza cintilando.Rosalie se referia a mulher de azul que havia passado perto deles, seu olhar se fixando em Duncan.Duncan havia com toda a certeza melhorado com o tempo.Se é que isso era possível.Rosalie observou os músculos de seu abdômen definido, os braços fortes e bronzeados...Como se não bastasse seu corpo se parecer com uma escultura grega, não era diferente ao olhar para seu rosto.O queixo marcado e uma barba cheia e escura.Os cabelos bem cortados, e as sobrancelhas espessas.Ele fingiu olhar para os lados.— Não vejo nenhuma outra mulher, a não ser você. — Disse por fim.Duncan estava de frente para ela, sentado na cadeira luxuosa.Ela sorriu para ele, percebendo como estava sendo boba.— O que você pediu Sr. Valois? — perguntou ela com um sorriso, retornando ao assunto da estrela cadente.Duncan sorriu, de lado.Ele balançou o vinho em sua taça, então ergueu seu olhar verde para sua esposa.Duncan entreabriu os lábios, contudo, Rosalie jamais soube o que ele diria.Eles ouviram antes de realmente ver.Um som ensurdecedor.Então tudo desmoronou em chamas e a última coisa que Rosalie viu, foi Duncan se jogar protetoramente sobre ela, a abraçando...Seu corpo pesado sobre o seu, e sangue. Muito sangue.A mulher gritou ao perceber que não conseguia ver nada, apenas sentir o homem acima dela com os braços ao seu redor.— Não se mexa, Rosalie...Ela ouviu a voz de Duncan, e sangue saiu de sua boca.— Duncan!Seu grito foi sufocado e amargo.Ele apenas a abraçou forte contra si.A mulher sentiu uma forte dor na cabeça e não conseguia se mexer.Ela não conseguiu mais gritar, e se deixou mergulhar na escuridão nos braços de Duncan...Ele tocou levemente o rosto de Rosalie, e embora ela soubesse que ele se sentia culpado pelo que dissera, ela havia compreendido perfeitamente o seu sentimento. Seus dedos deslizaram suavemente pela pele dela, traçando o contorno de suas bochechas, como se quisesse apagar todas as palavras ditas sob o peso do desespero. Seus olhares se encontraram, revelando uma conexão profunda e inquebrável, forjada nas provações que enfrentaram juntos ao longo dos anos.Rosalie, por sua vez, revivia em sua mente os momentos em que se sentiu sozinha e sem forças, quando Duncan se afastou. Embora fosse uma mãe dedicada, com filhos que dependiam dela, esses momentos de solidão a haviam feito sentir uma fraqueza interior, uma sensação de vazio que parecia não ter propósito. Ela tinha lutado com determinação, mas não podia negar as cicatrizes emocionais que aquelas separações haviam deixado.A mulher olhou para ele por mais alguns segundos, seus olhos refletindo uma mistura de sentimentos. As palavras e
Naquele momento terrível, Duncan experimentou uma dor alucinante, uma agonia que parecia transcender os limites da própria compreensão humana. O impacto brutal contra a parede foi como uma avalanche de sofrimento, uma força devastadora que lhe roubou o fôlego instantaneamente. Mesmo que seus pulmões se debatessem em busca de ar, a respiração lhe foi negada, afogando-o em um silêncio angustiante.Todavia, em meio ao mar agitado de sensações avassaladoras, seu único pensamento persistente era o vazio angustiante de suas mãos.Em sua mente, ele revivia o momento em que desesperadamente tentara erguê-las na direção de Rose, uma tentativa desesperada de protegê-la, de assumir parte do impacto da explosão iminente e da parede que se aproximava perigosamente. Mas o destino, caprichoso e implacável, o lançou em direção à parede em uma fração de segundo, separando-o da mulher que amava. Enquanto sua visão turvava e o mundo girava ao seu redor, a única imagem que lhe restou foi a de suas mãos,
Ele podia perceber no olhar de Rosalie uma mistura de emoções, incluindo trauma e arrependimento, e entendia que as cicatrizes emocionais do que havia acontecido eram profundas. No entanto, ele não se permitia sentir arrependimento por suas escolhas, pois elas os haviam conduzido até aquele momento crucial em suas vidas.Observou atentamente quando Rosalie desviou o olhar para suas próprias mãos, como se evitasse encará-lo diretamente. Era nesse gesto que ele reconhecia um sinal de que ela estava lidando com questões internas, questões que haviam surgido desde que ele tomara decisões que jamais imaginara tomar.Havia uma escuridão que se infiltrara em sua alma, algo que ele enfrentara ao longo de uma jornada tortuosa e cheia de perigos. Ele se sentia como alguém navegando em um mar negro, lutando contra criaturas aterradoras e monstruosas, e agora compreendia que, de certa forma, havia se transformado em uma delas. As escolhas que fizera haviam cobrado seu preço, e ele não podia volta
Rosalie viu tudo ao seu redor acontecer tão lentamente que, por um momento, ela acreditou que era ela a levar o tiro. A cena se desenrolou diante de seus olhos como um filme em câmera lenta, e a sensação de iminente despedida pairou no ar.Era ela a partir daquele mundo, e tudo em que conseguiu pensar foi que era justo que sua última visão fosse o rosto do homem que amava com tanta força. Seu coração parecia congelado em seu peito enquanto enfrentava o que parecia ser o fim iminente. Ela só lamentou não poder ver o rosto das crianças uma última vez, mas naquelas circunstâncias, era uma dádiva que eles não estivessem ali, poupando-os dessa cena de violência e perigo.Então, ela caiu para trás, seu corpo sendo puxado por Louie, e ambos bateram com força contra o chão frio e duro. A dor de seu impacto foi como um choque em seu corpo, mas a adrenalina ainda bombeava forte em suas veias.Rosalie ainda sentia as mãos de Louie sobre ela, sua presença dominando seu campo de visão, e apenas qu
O olhar de Duncan estava vermelho, e seu corpo estava cheio de adrenalina quando o corpo inerte do homem caiu ruidosamente no chão, inundando-o com um alívio profundo. Finalmente, o homem que havia orquestrado sua morte estava agora sem vida, seu plano nefasto completamente frustrado. No entanto, essa vitória amarga era obscurecida pela angústia que sentia pela incerteza do paradeiro de Rosalie.A notícia de que ela não estava mais presente na casa de Victor o dilacerou, mas Duncan não estava disposto a se render à desesperança. O som distante de tiros ecoou mais uma vez, proveniente do térreo, indicando que os homens leais a Victor ainda resistiam, como obstáculos persistentes em seu caminho. Determinado a resgatar sua amada, ele se virou e saiu pelo corredor, acompanhado por seus leais companheiros. Duncan mantinha sua arma firmemente em mãos, pronto para enfrentar qualquer obstáculo em seu caminho.Ao chegarem à metade do corredor, foram surpreendidos por homens leais a Victor, e o
Rosalie foi arrastada com brutalidade para um quarto que mais parecia uma prisão, onde um vai e vem constante de mulheres entravam e saíam, como se estivessem participando de um sinistro ritual. O ambiente, apesar de espaçoso, transmitia uma sensação de opressão. As paredes claras, embora belas, pareciam se fechar sobre ela, tornando o espaço ainda mais claustrofóbico. No centro do quarto, uma majestosa cama de dossel dominava a cena, e um espelho grande e luxuoso, refletindo a agonia nos olhos de Rosalie, adornava uma das paredes.No canto do quarto, estrategicamente posicionado como um troféu sinistro, encontrava-se um longo vestido de noiva, uma obra-prima de seda pura. O busto do vestido era esculpido com precisão, um corte reto que se desdobrava elegantemente em uma cauda longa, que fluía como um rio de cetim.Rosalie não precisava de explicações para compreender o que estava acontecendo com ela naquele momento angustiante.Enquanto uma das mulheres, com mãos ágeis e impiedosas,
Último capítulo