Capítulo 7

Ele sentiu suas mãos tremerem e todo o seu corpo mergulhar em uma profunda violência contida.

O grupo Lecomte era o responsável por sua morte, e podia perceber que François não estava envolvido, até onde sabia.

No entanto, por que seus diretores tomaram uma decisão como aquela?

Lentamente, Duncan Valois libertou a lâmina da garganta de Petit, que se afastou.

Luidi respirou aliviado, e olhou para Duncan.

— Chefe, a morte de Duncan Valois fará bem aos negócios...

— Você irá disparar no ranking mundial, o Grupo Lecomte não possuí outro concorrente como o Grupo Empire! — Disse outro homem, e Duncan o reconheceu como Martin, outro subordinado.

— Todos sabem que o grande responsável pelo grande crescimento do Grupo Empire era a família Valois. Assim como o pai Dominique Valois, aumentou o crescimento em seu tempo como CEO, o seu filho fez semelhante. Duncan Valois era o grande responsável pelo sucesso. — Concordou Fernand.

Duncan trincou os dentes, ele estalou o pescoço e fechou os olhos.

Ele perdeu sua vida por dinheiro?

Aquilo o consumiu, aquela constatação cruel e venenosa o queimou como as chamas do inferno.

Que era para onde certamente iria, pelo o que estava prestes a fazer.

O homem abriu os olhos.

— Quero que me tragam todos os superiores envolvidos.

Suas ordens não foram questionadas, seu olhar duro e a faca em sua mão deixavam dúvidas quanto sua determinação.

Luidi Petit e seu pai assentiram, assim como os outros eles o deixaram na sala sozinho.

Assim que Duncan se viu sozinho ele caiu de joelhos, ele não se sentia fraco.

Ele se sentia doente de ódio, um ódio tão profundo e sufocante que o enlouquecia.

Duncan soltou a faca, e colocou as mãos no piso.

Ele era tão limpo que podia ver seu reflexo, não o seu, mas o de François.

Duncan entendeu que jamais voltaria a olhar para seu próprio reflexo, ele era um cadáver agora.

De alguma forma sua alma havia renascido naquele corpo, e tudo aquilo devia ter um propósito, pensou. E se talvez o propósito daquilo fosse encontrar e punir todos os seus responsáveis?

O homem se levantou e saiu da sala, ele deixou com a secretária o endereço que devia repassar aos rapazes e se dirigiu para uma propriedade privada de Lecomte, algo distante e isolado.

Ele desceu as escadas do porão, procurou correntes grossas e juntou tudo que poderia usar.

Quando o porão se parecia muito com um lugar de tortura ele subiu para a sala, bebeu vinho e esperou a ligação de Petit.

Enquanto olhava para o telefone ele percebeu que a última vez que ouvira a voz de Rosalie foi no momento de sua morte, seu coração se comprimiu em seu peito, sua mente girou milhares de pensamentos.

Ele se sentiu à deriva, sozinho em uma tempestade, desejando ouvir uma voz dos céus que lhe dissesse que tudo ia ficar bem, mesmo que não ficasse.

Duncan não percebeu haver se levantado, pegado o telefone e discado o número de sua casa, não percebeu até ouvir a voz do outro lado.

"Alô"

Era a voz dela, de sua Rose. E antes que desligasse o telefone, Duncan a ouviu chorar.

Isso foi como uma faca em seu coração.

Ele se afastou do aparelho, e percebeu que Rosalie não poderia ser mais sua voz dos céus...

Nesse momento, ele ouviu o barulho de carros estacionando.

O homem se encaminhou para a porta da frente, e viu Bernard Petit e Luidi saindo de seu SUV com três homens amarrados e vendados.

Os outros homens do Grupo Lecomte, que havia participado da reunião também estavam com eles.

Duncan guiou seus subordinados até o porão e os instruiu a colocarem os diretores nas cadeiras.

Ele observou os diretores protestarem enquanto eram acorrentados.

Quando finalmente os Petit terminaram, Duncan tirou as vendas dos diretores.

Eles o olharam, e Duncan imaginou o que se passava em suas mentes.

Estavam sendo sequestrados por seu chefe, e aquilo não fazia o menor sentido, mesmo amordaçados eles protestaram, Duncan ergueu sua mão e dispensou seus homens.

Queria ficar sozinho com seus prisioneiros.

Duncan tirou a mordaça do homem que por foto, reconheceu como Durand.

— Chefe o que significa...

Duncan desferiu um tapa contra ele, arrancando-lhe sangue da boca.

Isso o fez entender que devia ouvir.

Valois, sobre o olhar confuso e aterrorizado dos diretores caminhou até uma mesa repleta de ferramentas dolorosas, ele os viu gritar em protesto.

Mas Duncan estava muito distante do homem que havia sido, aquele homem havia sido morto por aquela companhia, por dinheiro e poder.

Agora ele era um fantasma ocupando o corpo de seu concorrente, uma sombra do que já foi.

Ele se virou para os homens e perguntou:

— Por que armaram a explosão?

Quando eles se entreolharam, Duncan Valois avançou com a ferramenta pontiaguda, e cortou o dedo de um deles.

O porão foi preenchido com gritos aterrorizados, e tudo que Duncan conseguia pensar enquanto via o sangue jorrar e os outros berrarem, era que não pararia, até ter suas respostas.

Todas elas.

Uma hora depois, Duncan Valois subiu as escadas do porão, banhado no sangue de seus inimigos, mortos por suas mãos.

Agora sua alma estava manchada com o sangue daqueles homens, e seu coração estava longe de se livrar do tormento.

Ele mergulhou na escuridão, de onde não conseguiria mais sair, e a confissão dos diretores o deixou enlouquecido.

— Chefe? Precisa de ajuda? — perguntou Bernard Petit, ele e seu filho estavam ansiosos para ajudá-lo, diante de todo o sangue sobre o rosto de François Lecomte.

Duncan sempre obteve lealdade de seus subordinados, agora ele obtinha o medo deles, e não se importou.

Ele estava longe demais de quem já foi.

— Se livre dos corpos, Bernard. — Ordenou.

Duncan não olhou mais para seus homens, deixando-os resolverem o destino dos corpos em seu porão.

Ele caminhou em passos lentos, até subir as escadas.

Como se estivesse em um sonho, ele abriu a porta do quarto e se encaminhou para o banheiro.

Desta vez ele não cobriu o espelho, e encarou os olhos de François Lecomte.

Em sua mente as confissões dos diretores martelaram, se repetindo cada vez mais altas e dolorosas.

" Foi o espião que nos ajudou, alguém do próprio Grupo Empire nos propôs o acordo"

Disseram os homens, contudo, o traidor agia por intermediários, pessoas insignificantes...

Alguém de sua própria empresa havia se aliado ao Grupo Lecomte para executar a explosão.

Duncan sabia que não seria fácil descobrir quem era o mandante, entretanto, nada mais lhe restava há não ser a vingança.

Ele encarou o reflexo sangrento de François Lecomte, e ouviu novamente os gritos dolorosos dos homens que deixou em pedaços no porão.

Duncan não se arrependeu.

Porque lhe tiraram tudo, não só sua vida, mas quem ele foi.

De repente ele pensou em Rosalie, e como ela o repugnaria por suas atitudes.

Ele não se permitiu chorar.

NOTA:

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