Quando abriu os olhos sua visão estava turva e todo o seu corpo doía.
— Sra. Valois? Consegue me ouvir?
Diante dela estava um homem de cabelos grisalhos e com um jaleco branco.
— Onde...— tentou perguntar, porém, sentia-se tão fraca...
— A Sra. está no Hospital Provence Aligre, foi uma das vítimas da explosão no restaurante Picardie-Baux. — Informou o médico de plantão.
Rosalie se sentia ainda confusa, e ao ouvir aquelas coisas tentou se sentar, mas sentiu uma forte dor na lateral do corpo e na cabeça.
Ela gemeu de dor e o médico se aproximou.
— Não se mexa, quebrou várias costelas e ficou em coma durante dois dias.
Rosalie Valois arfou ao sentir a dor alucinante em seu corpo e cabeça.
Uma semana em coma?
Ela olhou ao redor e viu o quarto branco e vazio, e pensou em Duncan.
— Onde está meu marido?
Quando o olhar do médico vacilou, ela gritou um sonoro não.
Como se pudesse negar a verdade estampada em seu rosto.
— O Sr. Valois suportou todo o impacto da explosão, seu corpo foi encontrado protegendo a Sra.
Não...
Não...
Duncan...
Rosalie se sentiu cortada em mil pedaços, jogada na escuridão de um mundo sem Duncan Valois, o homem que conhecia desde os sete anos.
Ela se permitiu chorar após a saída do médico.
Chorou completamente paralisada no leito, até que seus filhos vieram buscá-la no dia seguinte.
Quando chegou em casa ela providenciou o funeral de seu marido para o dia seguinte.
A mulher entrou no quarto e se deitou na cama, mergulhando na dor do luto.
Na manhã seguinte Rosalie e seus dois filhos seguiram de carro para o funeral de Duncan Valois.
Na entrada do cemitério ela viu os acionistas do Grupo Empire, e os ouviu falar negativamente de Duncan.
Ela olhou para seus dois filhos e só conseguiu pensar que precisava ser forte.
A mulher olhou para o caixão preto na cova e não ouviu nada do que o padre dizia sobre o falecido.
Só pensava em uma coisa.
Duncan estava morto.
Morreu se jogando em cima dela, a protegendo com seu próprio corpo.
— É uma viúva agora, espero que entenda sua posição, Rosalie.
Rosalie desviou seu olhar do caixão para o rosto de Louie Valois, irmão mais novo de Duncan.
— O que disse? — perguntou-lhe.
O homem que não era tão alto como Duncan havia sido, a olhou nos olhos.
Seus olhos azuis eram astuciosos e frios.
Ele tirou uma mecha de cabelo negro da testa e perguntou em tom malicioso:
— Quem cuidará de você, agora que Duncan se foi?
Ela abriu e fechou a boca, sem ter certeza de que ouvira direito.
Louie vestia um terno preto, ele passou as mãos levemente no terno quando algumas folhas caíram de uma arvore.
— O que está insinuando? — questionou a viúva.
O homem diminuiu a distância entre eles, fazendo com que seus rostos ficassem próximos demais.
Aquilo foi tremendamente desconfortável.
— Seja minha mulher. É isso que estou insinuando, Rosalie Valois. Se submeta a mim, sendo uma esposa obediente e leal, caso contrário arque com as consequências.
Ela desferiu um tapa contra Louie, que não reagiu.
Isso atraiu todos os olhares.
O caixão de Duncan já havia sido sepultado e todos os presentes olharam para a cena que se desenrolava.
— Como ousa? Seu infeliz! — Esbravejou a viúva.
Seu sangue fervilhando.
— Meu pedido de casamento foi cedo demais? — Provocou Louie, o sarcasmo obscuro em cada palavra.
Bastien e Angelika reagiram ao ver a cena desastrosa.
Os adolescentes expulsaram seu tio com seu coração partido, o levando para fora do cemitério.
Rosalie voltou seu olhar para a sepultura enquanto os presentes se dispersavam, ela caminhou e se ajoelhou diante.
Lentamente tocou a terra onde Duncan descansaria.
— Você jurou, Duncan você jurou que nem a morte, te faria me deixar... — A mulher sussurrou.
[...]
O homem despertou gritando um nome.
Ele segurou as cobertas com força e se ouviu gritar "Rosalie" mais uma vez.
Quando olhou ao redor viu que não estava mais em meio ao fogo, e sim em um quarto luxuoso.
Havia inúmeros móveis de mogno e as paredes eram cinza.
A porta se abriu e um homem vestido com um uniforme entrou.
— Sr. Lecomte, está tudo bem?
Foi como levar um soco no estômago, ele piscou várias vezes e se levantou da cama.
Havia um espelho gigante na parede, ele olhou nos olhos verdes de François Lecomte.
CEO do grupo Lecomte, seu concorrente no mercado de autopeças internacional.
Duncan gritou.