Capítulo 2

Quando abriu os olhos sua visão estava turva e todo o seu corpo doía.

— Sra. Valois? Consegue me ouvir?

Diante dela estava um homem de cabelos grisalhos e com um jaleco branco.

— Onde...— tentou perguntar, porém, sentia-se tão fraca...

— A Sra. está no Hospital Provence Aligre, foi uma das vítimas da explosão no restaurante Picardie-Baux. — Informou o médico de plantão.

Rosalie se sentia ainda confusa, e ao ouvir aquelas coisas tentou se sentar, mas sentiu uma forte dor na lateral do corpo e na cabeça.

Ela gemeu de dor e o médico se aproximou.

— Não se mexa, quebrou várias costelas e ficou em coma durante dois dias.

Rosalie Valois arfou ao sentir a dor alucinante em seu corpo e cabeça.

Uma semana em coma?

Ela olhou ao redor e viu o quarto branco e vazio, e pensou em Duncan.

— Onde está meu marido?

Quando o olhar do médico vacilou, ela gritou um sonoro não.

Como se pudesse negar a verdade estampada em seu rosto.

— O Sr. Valois suportou todo o impacto da explosão, seu corpo foi encontrado protegendo a Sra.

Não...

Não...

Duncan...

Rosalie se sentiu cortada em mil pedaços, jogada na escuridão de um mundo sem Duncan Valois, o homem que conhecia desde os sete anos.

Ela se permitiu chorar após a saída do médico.

Chorou completamente paralisada no leito, até que seus filhos vieram buscá-la no dia seguinte.

Quando chegou em casa ela providenciou o funeral de seu marido para o dia seguinte.

A mulher entrou no quarto e se deitou na cama, mergulhando na dor do luto.

Na manhã seguinte Rosalie e seus dois filhos seguiram de carro para o funeral de Duncan Valois.

Na entrada do cemitério ela viu os acionistas do Grupo Empire, e os ouviu falar negativamente de Duncan.

Ela olhou para seus dois filhos e só conseguiu pensar que precisava ser forte.

A mulher olhou para o caixão preto na cova e não ouviu nada do que o padre dizia sobre o falecido.

Só pensava em uma coisa.

Duncan estava morto.

Morreu se jogando em cima dela, a protegendo com seu próprio corpo.

— É uma viúva agora, espero que entenda sua posição, Rosalie.

Rosalie desviou seu olhar do caixão para o rosto de Louie Valois, irmão mais novo de Duncan.

— O que disse? — perguntou-lhe.

O homem que não era tão alto como Duncan havia sido, a olhou nos olhos.

Seus olhos azuis eram astuciosos e frios.

Ele tirou uma mecha de cabelo negro da testa e perguntou em tom malicioso:

— Quem cuidará de você, agora que Duncan se foi?

Ela abriu e fechou a boca, sem ter certeza de que ouvira direito.

Louie vestia um terno preto, ele passou as mãos levemente no terno quando algumas folhas caíram de uma arvore.

— O que está insinuando? — questionou a viúva.

O homem diminuiu a distância entre eles, fazendo com que seus rostos ficassem próximos demais.

Aquilo foi tremendamente desconfortável.

— Seja minha mulher. É isso que estou insinuando, Rosalie Valois. Se submeta a mim, sendo uma esposa obediente e leal, caso contrário arque com as consequências.

Ela desferiu um tapa contra Louie, que não reagiu.

Isso atraiu todos os olhares.

O caixão de Duncan já havia sido sepultado e todos os presentes olharam para a cena que se desenrolava.

— Como ousa? Seu infeliz! — Esbravejou a viúva.

Seu sangue fervilhando.

— Meu pedido de casamento foi cedo demais? — Provocou Louie, o sarcasmo obscuro em cada palavra.

Bastien e Angelika reagiram ao ver a cena desastrosa.

Os adolescentes expulsaram seu tio com seu coração partido, o levando para fora do cemitério.

Rosalie voltou seu olhar para a sepultura enquanto os presentes se dispersavam, ela caminhou e se ajoelhou diante.

Lentamente tocou a terra onde Duncan descansaria.

— Você jurou, Duncan você jurou que nem a morte, te faria me deixar... — A mulher sussurrou.

[...]

O homem despertou gritando um nome.

Ele segurou as cobertas com força e se ouviu gritar "Rosalie" mais uma vez.

Quando olhou ao redor viu que não estava mais em meio ao fogo, e sim em um quarto luxuoso.

Havia inúmeros móveis de mogno e as paredes eram cinza.

A porta se abriu e um homem vestido com um uniforme entrou.

— Sr. Lecomte, está tudo bem?

Foi como levar um soco no estômago, ele piscou várias vezes e se levantou da cama.

Havia um espelho gigante na parede, ele olhou nos olhos verdes de François Lecomte.

CEO do grupo Lecomte, seu concorrente no mercado de autopeças internacional.

Duncan gritou.

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