HERANÇA DE RAÍZES PROFUNDAS.
Aria
Julian dorme mais cedo esta noite. Os últimos dias foram intensos demais para seu coraçãozinho curioso.
Ele me pediu para que o deixasse desenhar na varanda enquanto o sol se punha, e lá estava ele:
Cercado de lápis de cor, rabiscando a mesma cena repetidas vezes:
uma casa de telhado vermelho, um jardim cheio de flores e três pessoas de mãos dadas. Um homem, uma mulher, uma criança entre eles.
As cores eram suaves, os traços inocentes, mas a mensagem essa feria minhas defesas com precisão cirúrgica.
Ele sonha com uma família!
Fecho a porta devagar, deixo que ele descanse com os cadernos ao lado da cama, e desço com passos silenciosos até o jardim dos fundos.
A brisa carrega o aroma da hortelã e da lavanda, e o som dos grilos embala minha caminhada até o banco de pedra.
Sento, cruzo os braços no colo e olho para o céu.
Estrelas cintilam em silêncio, indiferentes ao turbilhão que me habita.
Há tanto para dizer, mas não sei se as palavras servem