DEGRAUS DENTRO DA FERIDA.
Alexandro.
Há uma única cadeira vazia no círculo, ao lado da de Aria.
Sinto o corpo inteiro latejar enquanto caminho até ela, cada passo lembrando o chão de hospital onde minhas certezas morreram.
A psicóloga Andreia acena discretamente, convidando-me a sentar sem cerimônias.
O ar nesta sala carrega o mesmo cheiro de lavanda que Aria espalha no chalé, mas aqui o aroma é quase medicinal, como se anunciasse que estamos prestes a abrir pontos mal cicatrizados.
Aria ergue o olhar quando me aproximo.
Não há surpresa nem irritação, apenas expectativa contida.
Julian ficou no chalé, entretido com Adriano e um kit de ciências infantis, sei que está seguro.
Mas estou aqui sem a couraça de pai.
Sou apenas o homem que feriu a mulher à minha esquerda.
— Boa noite a todos! Andreia inicia, com aquele timbre que parece cobertor, que abrange e abraça a todos.
– Vejo que temos um novo rosto hoje.
—Deseja se apresentar?
Meu nome lateja na garganta. Inspiro, prendo o