A Face do Inimigo
Alexandro.
O ambiente da delegacia federal em Belo Horizonte é estéril, frio e impessoal.
Mas a tensão que percorre meu corpo aquece meu sangue como se eu estivesse prestes a entrar em campo de batalha.
Adriano está ao meu lado, os olhos fixos na porta metálica que logo se abrirá.
— Tem certeza de que quer fazer isso? Ele pergunta, mais uma vez.
— Preciso. Preciso olhar nos olhos dele.
—Preciso entender de onde veio tanta podridão.
O delegado Franco aparece, com a expressão dura de quem já viu o pior dos homens e ainda se recusa a se acostumar.
— Ele está pronto para o interrogatório. Querem entrar?
Assinto, sentindo meu maxilar travar.
Atravessamos o corredor silencioso. Do outro lado do vidro opaco, vejo a figura de Marcelo Rosa, algemado, sentado com uma postura relaxada, como se estivesse num café e não numa cela.
Quando ele nos vê, sorri.
Um sorriso de canto de boca. Arrogante. Cínico.
— Ora, ora…
—Alexandro Monteiro. O homem que achou que podia me apagar da