"E agora, o que vou fazer? Grávida e abandonada. Sem casa e sem ter para onde ir." Luma engravidou do filho de um fazendeiro muito rico e, sem apoio da família do rapaz, acabou sendo colocada para fora de casa pela própria família, carregando seu filho na barriga. Sem ter para onde ir, vagou pela cidade até que uma senhora a acolheu, porém, havia uma condição: após o nascimento do bebê e de passado o período de resguardo ela teria que trabalhar na casa de prazeres da mulher em outra cidade. Anos mais tarde, com seu filho adolescente e conformada com seu destino, o passado volta a atormentá-la. Gabriel jamais esqueceu um amor da adolescência, e nunca se conformou pelo fato da moça tê-lo traído e ainda engravidado de outro. Amargurado, ele jurou jamais se envolver novamente. Mas ficou difícil manter a promessa quando ele encontra uma linda mulher em sua visita na cidade vizinha, mas a mulher pareceu indiferente a ele e seu poder aquisitivo. Movido pelo desafio, a cada visita ele deixa uma flor de presente. O que será desse amor? As dores do passado poderão ser superadas? Venha se envolver em um romance cheio de drama, segredos e um passado doloroso.
Ler maisLuma
A chuva caía e se misturava com minhas lágrimas, molhava meu corpo enquanto soluçava com as mãos sobre meu ventre levemente inchado.
“— Sai da minha casa agora, sua vagabunda”
As palavras duras de meu pai rondavam minhas lembranças. Nunca imaginei que amar pudesse doer tanto.
“— Eu te amo, Gabriel.
— Também te amo, meu amor.
— E se seus pais não concordarem com nosso namoro? - pergunto insegura.
— Então nós fugiremos. Tenho algumas cabeças de gado. Eu sou jovem, mas meu pai já me ensinou muito, posso começar com o que tenho.
— Então você me ama de verdade?
— É claro que te amo. Jamais permitirei que nossa diferença de classe social nos separe.
Meu coração idiota deu um pulo de felicidade e me entreguei a ele.”
Gabriel era um rapaz bonito, tinha acabado de fazer dezoito anos e eu uma jovem imbecil e romântica de dezessete.
Acreditei que tudo o que ele queria era o meu amor.
Há dois meses, quando descobri o resultado de nossa noite de amor, ele pareceu feliz.
“— Gabriel, eu preciso te contar algo.
Estávamos no celeiro da fazendo do pai dele, onde costumávamos nos encontrar e nos amar. Mas naquele dia eu tinha algo mais para falar.
— Não vai me dizer que desistiu de fugir. Já está tudo certo, Luma.
— Não, meu amor, não é isso. Quero muito fugir com você, mas antes preciso te contar uma novidade. — Sorri nervosa para ele. Confesso que mesmo insegura me senti feliz por acreditar que havia engravidado do amor da minha vida. Que uma vida crescia dentro de mim e que isso era resultado da nossa noite de amor.
Ele se aproximou e me abraçou, passando a mão em meus cabelos loiros e lisos.
— Então me conte, meu amor.
— Eu estava me sentindo mal. Tive tonturas e enjoo, perdi a fome e comecei a ter ânsias de vômito principalmente na parte da manhã. Aí fui ao médico e descobri que estou grávida de dois meses.
Ele arregalou os olhos e eu tive medo. Mas os olhos assustados logo foram substituídos por um largo sorriso.
Gabriel me tomou em um abraço apertado, me ergueu e rodopiou comigo em seus braços fortes. Fui beijada uma dezena de vezes e então a promessa foi feita, porém, não foi cumprida.
— Não tenha medo, meu amor, vamos começar nossa família bem longe daqui. Longe das pessoas que querem nos separar. Vamos ter um filho!”
Quanta inocência a minha.
Acreditei em sua promessa e então dois dias depois fico sabendo que Gabriel viajou com os pais. Nem mesmo um recado ele deixou.
Como uma boa idiota, achei que ele voltaria. Não contei nada a meus pais, fiquei esperando Gabriel voltar para que enfim pudéssemos fugir e seguir nossa vida, criar nosso filho e construir a nossa família.
Porém, os dias se tornaram semanas e então se tornaram meses e minha barriga se tornou impossível de esconder.
Como eu era uma jovem magra, a barriga não tardou em aparecer. Meu pai perguntou à minha mãe o motivo pelo qual eu começara a usar roupas tão largas, e então ela veio falar comigo.
“— Luma, venha cá. — segui minha mãe pelo corredor estreito que nos levava ao seu quarto. Entramos no cômodo sem porta e nos sentamos em sua cama.
— O que foi, mamãe. — Perguntei já com medo da resposta da minha mãe.
— Por que tem usado roupas tão largas?
— Ah, mãe, eu só estou cansada de roupas curtas e apertadas.
Ela me olhou desconfiada.
— Luma, não me engane. Tire o vestido.
Gelei na hora.
— Mas mãe, o quarto não tem porta. João pode entrar a qualquer momento ou o papai.
— Seu pai e seu irmão foram trabalhar na roça. Não vão chegar agora, e se chegar, eles fazem muito barulho. Vamos, tire.
Sendo obrigada a fazer o que ela me pediu, retirei o vestido e então vi seus olhos arregalarem.
— Santa mãe de Deus — ouço-a e a vejo colocar as mãos sobre a boca.
Dos olhos, algumas lágrimas começaram a rolar.
— Mãe, eu...
— Cale-se, Luma. Não há outra explicação para isso que não seja o óbvio. Quem é o pai da criança?
— Mãe... — suspiro derrotada.
— É o Gabriel.— Gabriel... o filho do fazendeiro?
Balanço a cabeça sem ter coragem de colocar a resposta em palavras.
— Chame o irresponsável, pois quando seu pai chegar ele vai querer que se casem o mais rápido possível.
— Ele viajou, mãe. — As lágrimas ameaçavam a transbordar, pois eu sabia que com meu pai seria mil vezes pior.
— Ele sabe?
— Sabe.
— Então, ele não viajou. Ele fugiu.
Meus olhos estavam focados no chão, mas com suas palavras eu volto meu olhar assustado para ela.
— Mas... ele me prometeu, mãe.
Minha mãe balançou a cabeça.
— Já tem muito tempo que ele viajou?
— Dois meses — respondo, vestindo a roupa de antes.
Vejo minha mãe passar a mão pela face avermelhada.
— Então deixa de ser idiota e veja o que está bem diante de seus olhos, Luma. Você acha que se ele tivesse a intenção de cumprir seja lá qual for a promessa que te fez, ele iria sumir por dois meses?
Não consigo segurar as lágrimas, pois a verdade me toma como um soco no meio do meu estômago.”
Se com minha mãe foi ruim, eu era incapaz de imaginar como seria com meu pai. O homem que me pegou no colo, que disse inúmeras vezes que eu era seu raio de sol... bastou um erro para que tudo o que ele disse virasse poeira. Será que isso é amor de verdade? O amor de verdade se importa com o que os outros vão falar? Se importa com a vergonha de uma filha grávida antes do casamento? Começo a achar que meu pai jamais me amou.
“— Grávida do filho do porco velho? — Meu pai não gostava do homem por um motivo qualquer que nunca ficamos sabendo, mas sempre disse que o velho não prestava.
— Pai, o Gabriel viajou, mas ele vai voltar...
— Cala sua boca, Luma. — Abaixei a minha cabeça — Você só me traz vergonha.
— Me desculpe, pai. — Ele me olhou com seus olhos injetados de ódio.
— Você pode consertar isso? Hum? Não, você não pode. Então não peça desculpas.
Ele esfrega os cabelos arrepiados, o rosto ruborizado e ronda a sala. Quando ele volta a me olhar meu coração se parte.
— Pegue suas coisas.
— O quê?
— Além de puta é surda? Pegue as suas coisas, minha casa não é lugar de pouca vergonha. É casa de respeito.
— Mário, o que vai fazer? — ouço a voz trêmula de minha mãe ao compreender o que eu também já havia compreendido.
— Ele quer que eu vá embora, mãe.
Me coloco de pé e vou até meu quarto, com tanto ódio dele quanto eu podia dizer que havia amor até um segundo atrás.
Embora estivesse arrumando minhas coisas para ir embora, dentro do meu coração havia uma esperança de que ele desistisse da decisão, mas isso não aconteceu.
Ao chegar na sala com uma mochila cheia de roupa e uma bolsa com outros pertences, minha mãe estava chorando ajoelhada aos pés do meu pai, com a cabeça apoiada em seus joelhos.
— Eu te emploro, Mário, não faz isso. Ela errou, mas é nossa filha. Quem nunca errou na vida?
— Isso não é errar, Nádia, isso é safadeza.
Ele se pôs de pé e apontou para a porta da sala que estava aberta.
— Sai.
— Não tenho para onde ir — falo em um fiapo de voz.
— Não me importo com isso.
Olho para minha mãe que chorava desolada ao chão da sala, sem forças até mesmo para erguer a cabeça e me olhar.
— Sai da minha casa agora, sua vagabunda.
Com sua ordem eu me viro e atravesso a porta com a maior incerteza da minha vida. Não sabia para onde ir, não sabia o que fazer.
Segui pensativa e pensei em passar pela fazenda do Gabriel, mas me lembrei das palavras de minha mãe. Ele não foi viajar, ele fugiu. E fugiu sabendo do nosso filho e do que poderia acontecer comigo. Então, simplesmente segui sem destino. Caminhei por horas até que escureceu e eu não sabia para onde ir.
Já estava em um outro bairro, me sentei no banco observando a noite chegar e com ela todo o peso do que seria de mim e do meu filho. Como um sinal de que as coisas ainda poderiam piorar, a chuva cai molhando a mim e tudo o que eu possuía. Tudo que me resta são as lágrimas. Nada mais.
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Olá, lindas leitoras!
Gosta de histórias de CEO's? Então já salva na sua biblioteca o livro Uma noite com o CEO para ler também. Boa leitura!
Três anos depoisJoãoPrimeiro ano de casamento. Mal consigo acreditar que estamos completando um ano de casados. Nos casamos dois anos depois que começamos a namorar de verdade e eu não me arrependo nem por um segundo.Estamos com as malas prontas em nosso quarto, mas antes de viajarmos, fomos convidados para um jantar em família na casa de minha mãe. Mas se engana quem acha que ela está morando sozinha naquele apartamento. Aos pouquinhos o senhor Antônio, novo porteiro do condomínio, começou a se aproximar de minha mãe e já tem dois anos que os dois estão de namorico. Gosto de ver a felicidade brilhando em seus olhos como eu nunca vi antes, ela merece ser feliz com alguém que além de amar, saiba respeitar.— Vamos, João. Sua mãe vai reclamar que nos atrasamos — apressa-me minha esposa.— Eu já estou indo, meu amor. Só estava conferindo os documentos.Coloco uma mala sobre a outra e as arrasto pelo quarto até a porta de saída da casa em que moramos. Camila não quis um apartamento, es
JoãoDurante a última semana, peguei o celular várias vezes, mas desisti de ligar ou mandar mensagem pra Camila. Não sei o que fazer.Ela veio até mim, disse o que eu precisava ouvir e agora, o que falta? Sinto que ainda falta algo, mas o quê?— Tá muito esquisito esses dias, moleque?Meu pai me questiona. Estamos sentados à mesa tomando café da manhã. Ainda é muito cedo, o Sol ainda está muito tímido e aquele friozinho da manhã invade a cozinha.A fumaça do café fumegante dança na minha frente.— Quem tá esquisito? — Levo um gole do café até a boca.— Ocê tá esquisito. Só fica encarando esse telefone e não fala nada com ninguém.— Ah, pai...— É aquela moça que esteve aqui, não é? Eu vi como ocê ficou. Fugia da garota como o diabo foge da cruz.— Eu não sabia como agir na frente dela, pai. Por isso ia me refugiar no serviço pesado.Passo manteiga no pão e dou uma mordida.— Nem parece meu fio. — Ele beberica seu café.Antes que eu pudesse responder, meu telefone toca e quando verific
JoãoQuando Camila me ligou dizendo que estava aqui, eu me sentei imediatamente em uma cadeira, pois minhas pernas amoleceram. Não podia ser. Eu fujo da mulher e ela vem atrás de mim.Depois, quando ela disse que havia se decidido, eu senti as pernas amolecerem novamente. Mas também senti que havia algo a mais, algo por trás de sua decisão e eu preciso saber o que é.Combinamos de conversar no quarto onde estou ficando na mansão do meu pai. E agora estamos frente a frente.— Pronto, Camila, agora você pode falar.Ela me encara, coloca um sorriso no rosto e responde, estendendo o braço, vindo na minha direção para me abraçar.— Eu me decidi, meu amor. Escolhi ficar com você.Seguro os seus braços para que ela não me abrace.Era tudo o que eu queria ouvir há até pouco tempo atrás, mas depois de três semanas, essa simples frase esconde algo que ela não quer me contar.— Camila, o que fez você mudar de ideia?— Poxa, João. Eu me despenco até aqui, falo exatamente o que você sempre quis o
CamilaEstou deitada na cama, meio de lado, com a cabeça sobre o colo da minha amiga Luma. Ela está recostada em um monte de travesseiros com os pés para o alto e, enquanto eu reclamo da vida, ela afaga meus cabelos.— Você sabe que corre esse risco, não é? — Luma fala enquanto passeia os dedos delicadamente pelos fios do meu cabelo.— Mas nunca havia acontecido algo assim antes — reclamo.— Não? O que foi aquele ato do Rafael, então? Fez até Nice contratar um segurança pra ficar na porta do lado de fora!— Mas isso é diferente.— A única diferença é que ele tentou me obrigar a subir na cara de pau, na frente de todo mundo. E esse cara foi mais esperto. Te seduziu, te levou pro quarto primeiro, onde você estava totalmente vulnerável.— E ele voltou, ontem! — Pontuo estarrecida, pois não esperava que depois daquilo ele fosse voltar — Teimou com Nice que queria estar comigo novamente, mas eu já tinha informado a ela o que havia acontecido.— O que está esperando pra largar essa vida, Ca
CamilaQuase um mês que não vejo o João. Ele me deu um curto espaço de tempo pra pensar. Como vou decidir toda a minha vida em apenas duas semanas? É claro que eu não tinha uma resposta pra dar e ele se mandou pra roça.Converso com Luma pelo aplicativo de mensagens quase todos os dias e ela me disse que ele estava muito triste, mas disposto a cumprir o que prometeu. Ele até pediu demissão do emprego, mas ela me disse que o Gabriel o colocou de férias. Sem João saber, é claro. Assim ele tem um tempo pra pensar e decidir se é isso mesmo que ele quer.Tento afastar João da minha cabeça e me preparar para mais uma noite de trabalho. A maquiagem pesada disfarça a minha tristeza. Não adianta mentir para mim mesma, é fato, estou triste por João ter cumprido o que prometeu.Os cabelos bem cacheados e volumosos destacam bem o meu rosto maquiado; o vestido colado destaca minhas curvas e o salto alto compensa um pouco a minha altura.Chego no salão exalando sensualidade. Me sento no bar com al
JoãoDias depois, recebo o resultado dos exames e eu mais uma vez consegui boas notas e fui aprovado sem a necessidade de provas finais. Suspiro ao olhar para a tela com a tabela das matérias e a palavra “aprovado” ao lado de cada uma delas. Era para estar festejando, pulando de alegria, pois a cada semestre que cumpro, minha formação está mais próxima.Mas a alegria não me invade. Camila sumiu, e como não obtive uma resposta sua, vou cumprir o que disse e voltar para a roça.Assim que o sistema permitir, vou trancar a faculdade. Essa é mais uma atitude que me dói no peito. Estava gostando dos estudos, da formação, da ideia de ter uma faculdade e trabalhar em uma grande empresa como a do Gabriel. Mas tudo será enterrado por causa dela.Ergo meu corpo da cadeira e pego a mala, começo a colocar as roupas dentro dela.— O que está fazendo, João? — Minha mãe fala ao abrir a porta, me observando fazer as malas. — Vai viajar?— Vou voltar pra roça — respondo decidido.— Vai mesmo fazer essa
Último capítulo