Deitada na maca, o teto branco do consultório parece girar devagar enquanto a voz animada de Andressa se mistura ao eco do olhar de Rayane no corredor. Aquele olhar — surpresa, suspeita, algo mais que não consigo nomear — ainda queima na minha retina.
— Pronta? — a médica pergunta, ajeitando o lençol descartável. — Tudo bem por aí?
Respiro fundo, o ar gelado da sala entrando nos pulmões.
— Sim.
— Sete semanas de gestação. — ela confirma, aplicando o gel frio no transdutor. — Vamos pela via transvaginal. É o mais preciso agora.
O aparelho entra devagar. Sinto uma pressão estranha, íntima. Um leve desconforto, depois calor. Seguro a mão de Andressa com força.
— Saco gestacional bem localizado. — a médica narra, os olhos no monitor. — Placenta em formação, aderência perfeita, sem sinal de descolamento. Tudo dentro do esperado.
Então o som começa. Tum-tum-tum-tum. Rápido. Vivo. Insistente.
— 162 batimentos. — ela sorri. — Coração forte, ritmado. Seu bebê tá bem, mamãe.
O som ent