O sol da manhã hesitava em romper as cortinas da sala, lançando raios pálidos que mal conseguiam dissipar a sombra que pairava sobre o humor de Hayley. O aroma do café, que geralmente trazia um conforto matinal, parecia hoje apenas um lembrete da rotina previsível que aprisionava seus dias. Marcos já havia saído para o trabalho, o som da porta se fechando um eco distante que sublinhava a distância emocional que se instalava cada vez mais entre eles. O beijo de despedida fora um roçar de lábios apressado, um costume desprovido do calor que outrora significara.
Hayley se moveu pela cozinha com uma lentidão apática, seus gestos carregando o peso de uma insatisfação crescente. Ela observou a própria imagem refletida na janela escura, um rosto cansado, os olhos carregando uma melancolia silenciosa. Seu casamento, que um dia fora um porto seguro de amor e companheirismo, parecia agora um barco à deriva, sem um leme claro para guiá-lo. Havia momentos em que Marcos tentava reacender a chama c