O cotidiano de Hayley havia se tornado um campo minado emocional, cada interação carregada de um peso que antes não existia. A rotina com as crianças e Marcos seguia seu curso, mas por baixo da superfície, um turbilhão de sentimentos conflitantes a consumia. A intimidade compartilhada com Sara deixara uma marca indelével, uma faísca proibida que teimava em brilhar em meio à normalidade de seu casamento.
Era nos pequenos gestos ,os beijos rápidos pela manhã, o cuidado com o café das crianças, os jantares preparados em silêncio que Hayley sentia a fragilidade de seu mundo. Havia uma dissonância constante entre o que fazia e o que sentia, como se habitasse um papel que já não lhe servia, mas que continuava a vestir por obrigação. O esforço para manter a casa funcionando era quase automático, mas por dentro, ela se via cada vez mais desconectada da mulher que um dia fora.
Olhar para Marcos agora era um exercício de ambiguidade. Havia o amor e a familiaridade de anos construídos juntos, a