Klaus
Ela é desafiadora, petulante e extremamente corajosa ao me desafiar assim. Talvez não saiba com quem está lidando, preciso mostrar a ela quem dá as cartas desse jogo.
— Ela ficará conosco, menino?
— Gardênia, já pedi para não me chamar assim!
— Ela ficará sim. Cristina precisa de um tempo para descobrir quem eu sou e o que posso fazer...
— E o irmão dela? — Gardênia pergunta, passo a mão pelos meus cabelos.
— Telefone para o advogado, mande-o vir aqui conversar comigo bem cedo.
— Sim, vou entrar com um processo e adotá-lo! Depois que mostrar a ela do que sou capaz para conseguir o que quero, os dois poderão ir!
— Não funciona assim, Klaus, se o adotar, ele terá direito a tudo o que é seu. Mesmo menor de idade, pode ter um representante legal... A garota poderia...
— Eu sei de tudo isso. Gardênia, meu pai era advogado... Se esqueceu? Sei o que estou fazendo, sempre estive acima da lei e não será diferente.
— Se quer encurralar Cristina, finja tê-lo adotado! Use documentos falsos...
— Não! Quero a guarda do menino de verdade, o transformarei em meu sucessor. Gostei da ideia de ter um filho assim de repente. Volte para seus afazeres e me deixe sozinho!
Vou para o meu quarto, penso no que ela pode estar pensando e sentindo trancada naquele quarto. A escolha foi feita, poderia estar aqui comigo no aconchego dessa cama e dos meus braços.
Ela verá o que farei com Théo, ele crescerá para lutar e será meu melhor traficante. Cristina acha que não sou nada, apenas um cego milionário que não tem mais do que o dinheiro possa comprar.
— Sinto tanto ódio! — Dou um soco no espelho, acabo cortando minha mão.
Vou até o banheiro e lavo, sinto minha pele queimar de raiva...
Se eu pudesse ver, quem sabe ela me temeria da forma que deve temer. Abro uma gaveta, há um medalhão que pertenceu ao meu pai.
O primeiro líder dos Escorpiões da noite, minha mãe, morreu no ataque dos nossos maiores rivais quando ainda me esperava no ventre. Por um descolamento na placenta, eu nasci sem enxergar.
Meu pai se culpou pela morte dela, mas me criou para ser seu sucessor, apesar da cegueira. Ele morreu há dois anos, me deixando esse legado e milhões de dólares para administrar!
Não consigo adormecer direito, tudo estava igual até a chegada dela. Charlotte nunca foi minha maior perdição... Cristina desorganizou tudo dentro de mim, preciso provar que sou mais forte que ela.
Mesmo enquanto estou lutando para esquecer sua doce voz, o sabor e até o calor de sua pele.
Quando finalmente consigo dormir, o despertador toca, mostrando que já amanheceu. Tomo um banho, mando o celular discar para o advogado e ele logo atende.
— Bom dia doutor. Gardênia, lhe deu meu recado?
— Bom dia, Klaus, sinceramente ainda não!
Eu sabia que ela relutaria em acatar essa minha ordem, me entenderei com ela mais tarde.
— Claro que sim! — Ele sabe que prezo pela urgência, sabendo o quanto sou generoso em pagar-lhe os ordenados.
Me arrumo, passo pela mesa de jantar e mando uma das empregadas deixá-la sair e trazer Cristina. Ela retorna um tempo depois, dizendo que o que eu esperava:
— Ela disse que ficará no quarto, está sem fome!
Sorrio, guardando por dentro o quanto fiquei irritado mesmo já esperando por isso. Tomo café da manhã, o advogado logo chega e subimos ao escritório.
— Então diga Klaus, quais são os serviços?
— Dessa vez, não te pedirei para libertar um de meus subordinados, trata-se de algo bem diferente!
— Tipo? — Ele pergunta, ouço a cadeira ser arrastada e sento-me do outro lado de minha mesa.
— Quero adotar um garoto...
— Sim, ele vive no orfanato das freiras. Tenho certeza de que isso será fácil para você!
— Um processo de adoção pode levar algum tempo, Klaus. Eles viriam aqui e fariam uma entrevista. Você é jovem e solteiro, isso poderia dificultar as coisas.
— Você está aqui para facilitar todo o processo, eu quero isso para o mais rápido possível. Como advogado, sabe que o dinheiro compra tudo! E eu tenho o bastante para adotar todos os órfãos da cidade... Quero apenas um, que se chama Théo!
Ele ainda ficou gaguejando, mas o idioma do dinheiro sempre é bem compreendido por ele. Ofereci cem mil dólares para ele fazer o serviço, fora o valor que utilizaremos para comprar um juiz e quem mais precisarmos.
Com um valor considerável, ele saiu, dei o prazo de uma semana para conseguir o que quero. Sei que só preciso esperar.
Ouço passos quando saio do escritório...
— Como sabe? — Ela pergunta em seguida.
— Todos os meus empregados sabem que precisam denunciar sua presença, antes que eu descubra quem é!
— Por que vai adotar Théo? O que ganha com isso?
— Além de petulante, costuma ouvir atrás das portas, sua audição está melhor do que a minha!
— Pretendo treiná-lo, apenas isso.
— Treinar para quê? Matar pessoas como seus capangas? — Ela pergunta com voz trêmula.
— Isso é muito mais! — respondo calmamente.
— Théo não será um bandido, esse é um destino pior que a morte.
— Está enganada, Cris! Meu pai me deu tudo o que eu precisava, não imagina o quanto eu sofri para me tornar independente... Para caminhar por aí sozinho, empunhar uma arma mesmo quando não vejo onde meu inimigo está. Ganhei muitos outros sentidos, continuo sendo mortal como ele era!
— Se está fazendo isso por minha causa, então eu desisto. Farei o que me mandar, mas não condene a ser como você!
Me aproximo dela, toco sua nuca e puxo seu rosto para perto do meu. Sinto seu corpo tremer e a respiração quente aquecer meus poros, a beijo com a mesma vontade do dia anterior e nossos corpos se encontram.
Eu a invado com a língua, minhas mãos acariciam seu rosto e deslizo com tanta força nossos lábios que pareço querer me tornar parte dela. E eu quero e meu pênis mostra o mesmo... Tornar nossos corpos um só, bem em breve!
A afasto de repente, sinto-nos ofegantes e sua mão permanece fria.
— Foi uma decisão acertada, mas preciso refletir se realmente me interessa ter algo contigo! Acho que as coisas entre nós esfriaram de repente, garota!