Benício Mendelerr
Chegamos à sede, Paulah estava calada. Sei que a presença de minha tia traz de volta lembranças ruins e bem recentes.
Eu já estava sentado na minha cadeira de couro na sala e esperando a chegada dela, ainda com a mente ocupada pelos últimos acontecimentos. A virada do ano tinha sido um caos, e as peças do quebra-cabeça ainda estavam se encaixando. Paulah estava ao meu lado, mexendo no celular, enquanto Clara observava pela janela, todos nós esperando por Aurora. Foi então que a porta se abriu e ela entrou.
A primeira coisa que notei foi a aparência dela. O brilho que costumava carregar nos olhos parece ter desaparecido, substituído por uma expressão de cansaço profundo. Ela parecia menor, mais frágil do que sempre demonstrou ser.
— Tia Aurora? — Minha voz saiu mais dura do que eu pretendia. — Entre!
Ela olhou para mim, depois para Paulah, e respirou fundo antes de falar:
— Preciso de ajuda. — Sua voz estava baixa, quase um sussurro. — Descobri que tenho câncer e é t