capítulo 34

Hotel Serramar — Manhã fria e nublada

Narrado por Lorena Mello

O quarto ainda estava meio escuro, mas o cheiro de café já invadia o ar.

Gustavo acordou pesado.

Demorou pra abrir os olhos.

Demorou mais ainda pra levantar o peso do corpo do colchão.

Fiquei de pé, encostada na janela, observando em silêncio.

Quando ele finalmente ergueu o olhar, nossos olhos se encontraram.

Não precisou de palavra.

Eu vi.

Vi na tensão dos ombros, na respiração curta, na maneira como os olhos dele estavam gastos — mas ainda tinham aquela centelha.

Sentei na beirada da cama, perto dele, e falei direto:

— Você quer ver o Enzo.

Ele apertou a caneca nas mãos, baixou a cabeça.

Respirei fundo.

— Eu pensei num jeito. — disse, puxando a coragem do fundo da alma.

Ele me olhou, tenso, mas disposto a ouvir.

Inclinei pra frente, falando baixo:

— A gente precisa agir direito.

— A escola não vai deixar ninguém estranho chegar perto do menino.

Gustavo apertou a mandíbula, o instinto dele querendo explodir.

Apoiei a mão
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