capítulo 38

312 — Hotel Serramar

Narrado por Gustavo Henrique Oliveira Andrade

A porta do quarto se fechou com um clique abafado atrás de nós.

O ar parecia mais denso ali dentro.

Mais carregado.

Cada passo dela pelo carpete parecia ecoar dentro do meu peito.

Lorena jogou a mochila no sofá, tirou o tênis com o pé, largando no canto com a despreocupação de quem não sabia — ou fingia não saber — que cada gesto dela era um ataque direto à minha sanidade.

Ela puxou o cabelo pra cima, fazendo um coque improvisado.

O pescoço exposto.

A pele morena brilhando sob a luz fraca.

Engoli em seco.

Tentei.

De verdade.

Tentei focar no que importava.

Fui até a bancada.

Puxei a mochila.

Tirei os papéis da assembleia, o dossiê contra o Caio, a pasta preta marcada com meu novo nome: Gabriel Navarro.

Lorena se jogou de barriga pra baixo na cama, cruzando os tornozelos no ar, o tablet nas mãos.

Natural.

Leve.

Como se não estivesse incendiando o quarto inteiro só com a presença.

Fingi que lia.

Fingi que lia os documento
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