312 — Hotel Serramar
Narrado por Gustavo Henrique Oliveira Andrade
A porta do quarto se fechou com um clique abafado atrás de nós.
O ar parecia mais denso ali dentro.
Mais carregado.
Cada passo dela pelo carpete parecia ecoar dentro do meu peito.
Lorena jogou a mochila no sofá, tirou o tênis com o pé, largando no canto com a despreocupação de quem não sabia — ou fingia não saber — que cada gesto dela era um ataque direto à minha sanidade.
Ela puxou o cabelo pra cima, fazendo um coque improvisado.
O pescoço exposto.
A pele morena brilhando sob a luz fraca.
Engoli em seco.
Tentei.
De verdade.
Tentei focar no que importava.
Fui até a bancada.
Puxei a mochila.
Tirei os papéis da assembleia, o dossiê contra o Caio, a pasta preta marcada com meu novo nome: Gabriel Navarro.
Lorena se jogou de barriga pra baixo na cama, cruzando os tornozelos no ar, o tablet nas mãos.
Natural.
Leve.
Como se não estivesse incendiando o quarto inteiro só com a presença.
Fingi que lia.
Fingi que lia os documento