Narrado por Gustavo Henrique Oliveira Andrade
O carro ainda parado.
O motor desligado.
A respiração dela misturada com a minha.
E o mundo... longe.
Aqui dentro, era só Lorena.
E eu.
E o que restava de mim depois de ver meu filho.
Tentei limpar o rosto.
Fracasso.
Ela ficou ali.
Silenciosa.
Firme.
O tipo de força que não faz barulho.
Quando falou, foi como um sopro de vida:
— Você vai ver ele de novo. — afirmou, como quem carrega a certeza no sangue.
A garganta arranhou pra responder:
— Como?
Ela virou o corpo no banco, apoiando o cotovelo no encosto.
O olhar travesso.
Brilhando.
— Contei a verdade pra diretora... — disse, com aquele sorriso de quem apronta. — E dei uma ajudinha pra ela colaborar.
Franzi a testa, sem conseguir evitar o meio sorriso.
— Ajudinha?
Ela riu baixo.
Um som moleque que atravessava o peito.
— Um cheque. E um pouco de sinceridade. — disse, piscando.
A risada escapou de mim.
Um riso torto, ainda machucado, mas real.
No impulso, puxei ela.
Abracei.
Forte.
Como se p