LORENA
— "Você... tem certeza que quer ouvir tudo?"
Ele só assentiu.
Devagar.
O olhar dele pesava como um veredicto.
Sentei ao lado dele.
Segurei sua mão — fria, dura, vibrando de raiva silenciosa.
Ele deixou.
— "Gustavo... você foi dado como morto." — a minha voz saiu arranhada. — "O acidente... o resgate... ninguém acreditava que você fosse sobreviver."
Fechei os olhos.
Só por um segundo.
— "Mas você sobreviveu. Lutou. Mesmo inconsciente."
(pausa)
— "Só que pra todo mundo lá fora... você morreu."
Ele não piscou.
Não respirou diferente.
Eu fui em frente.
— "O hospital chamou Caio."
O nome sujou o ar.
— "Ele foi até lá. Confirmou que era você. Olhou pra você."
A mão dele apertou a minha com tanta força que doeu.
— "Ele sabia."
Assenti, com o peito esmagado.
— "Sabia que você respirava. Que seu coração batia."
(pausa)
Respirei fundo.
A pior parte vinha agora.
— "E mesmo assim... Caio pediu pra desligarem os aparelhos."
Senti o choque atravessar o corpo dele.
Senti a raiva tomando conta