Narrado por Bianca)
Fechei a porta do quarto e encostei as costas nela.
Fiquei ali por alguns segundos.
O som do silêncio do lado de fora batia mais alto que qualquer coisa.
Sentei na beirada da cama, o coração apertado.
Ia voltar pro trabalho.
Pro mesmo lugar onde minha vida com o Gustavo começou.
Onde eu entregava café com o nome dele escrito na caneca.
Onde organizava as reuniões, os horários, as viagens.
Mas agora…
Agora o dono da sala era outro.
Caio.
E por mais que eu quisesse sentir raiva…
eu não conseguia.
Ele esteve ali quando tudo desabou.
Quando o mundo enterrou o nome do Gustavo sem corpo, sem velório, sem tempo.
Caio segurou as pontas.
Cuidou do Enzo quando eu não conseguia levantar da cama.
Pediu silêncio quando a dor falava mais alto.
Ele é um bom homem.
Não roubou nada.
Só… ficou.
Mas mesmo assim…
Tem alguma coisa dentro de mim que não sossega.
Talvez seja culpa.
Talvez seja só saudade.
Ou talvez… seja a certeza de que, se o Gustavo entrasse por essa porta agora,
o mun