Uma adolescente, forçada pelo pai a se casar, vê sua vida virar de cabeça para baixo. O casamento arranjado parecia uma sentença, mas o destino tinha planos diferentes. Ao conhecer seu noivo, ela descobre que ele tem um filho – um jovem encantador e complexo. Contra todas as expectativas, ela se apaixona perdidamente por esse rapaz. Agora, ela enfrenta um dilema inesperado: seu coração pertence ao filho do homem a quem foi prometida. Esta é uma história sobre a luta entre dever e desejo, e como o amor verdadeiro pode surgir nos lugares mais improváveis.
Ler maisEstamos no século XXI, certo? Eu acho que sim. Às vezes, fico na dúvida, sabe? Isso porque meu pai quer me obrigar a casar com um cara. Sim, é um absurdo! E toda vez que tento opinar, ele me manda calar a boca e respeitá-lo porque sou menor de idade. Será que tem alguma lei que proíbe esse tipo de coisa? Gostaria de entender mais sobre isso...
Estava em meu quarto, no meio de uma crise de raiva. Isso porque meu pai tinha acabado de me dizer que meu "noivo" ia chegar a qualquer momento para me conhecer. Interessante não? Me conhecer. Me sinto como um cavalo à venda. Onde o comprador vem avaliar para ver se o animal está em boas condições. Se ele me pedir para ver os dentes, não vou achar estranho.
— Filha?
— Hum... — resmunguei, irritada. Odeio que venham falar comigo quando estou nervosa.
— Tome um banho e coloque a roupa que eu escolhi.
Olhei o vestido em cima da cama e fiz careta.
— Eu não vou tomar banho coisa nenhuma! Se ele quiser mesmo essa droga de casamento, vai ter que me aturar do jeito que eu sou!
— Você ama tomar banho, Daniela.
— Sim, mas não para agradar a ninguém e sim a mim mesma!
— Abre a porta, Daniela.
— Não!
— Vou pegar a chave reserva.
Revirei os olhos e abri aquela droga. Sem olhar para ela, voltei a me sentar na janela.
— Sei que está irritada, mas você tem que entender que isso é o melhor.
— Pra quem? — perguntei azeda.
— Para todos.
— Só se “todos” for você e o papai.
Ela respirou fundo. Era muito difícil minha mãe brigar comigo, mas em compensação meu pai, era 24 horas por dia.
— Vamos, minha filha. Um dia você vai entender tudo.
— Por que em vez de dizer isso você não me conta o que vou entender um dia?
— Não adianta falar nada agora. Qualquer coisa que eu ou seu pai falarmos, você inverterá porque não quer casamento.
— Tem razão.
— Ande, tome um banho.
Me levantei irritada e fui para o banheiro resmungando. Demorei muito mais do que o normal. Fiquei tentando imaginar como era esse “noivo”. Só consegui pensar em careca, baixinho e barrigudo. Não veio nada mais na mente. Espero que esteja errada..., mas no fundo, sei que vou odiar isso mais do que já odeio.
Coloquei o vestido que minha mãe arrumou. Eu até gosto de vestido, mas não sou de usar muito, sabe? Gosto de ficar à vontade e geralmente vestido me tira essa liberdade.
Fiquei sentada na janela olhando para fora. Dali dá para ver quem chega. Tenho visão privilegiada do portão e da estrada. Um carro luxuosíssimo apareceu na estrada. Será que meus pais seriam tão mesquinhos ao ponto de me casar por dinheiro? Porque pelo carro... Ele deve ser podre de rico.
— Filha, ele está chegando. — Minha mãe apareceu no quarto falando isso.
— Percebi — falei olhando o portão se abrindo para o carro passar.
— Vamos.
— Ei, mãe...
— Oi.
— Se eu for maior de idade, meu pai não pode me obrigar a casar, não é?
— Eu não sei. — Franziu a testa.
— Eu acredito que não, pois quando se é maior de idade, você já é dono do seu próprio nariz.
— Pode ser, mas...
— Era só isso que queria saber.
E era a melhor arma que eu tinha. Tenho seis meses para infernizar a vida desse cara para que ele não queira se casar comigo. Isso vai ser divertido. E se vierem outros, vou fazer um inferno também. Assim dá tempo de fazer dezoito anos e não ser obrigada a nada!
Segui com minha mãe para a sala de estar. Meu pai estava lá e me olhou de cima para baixo, me avaliando. Revirei os olhos com isso.
— Comporte-se e não revire os olhos.
Revirei de novo e ele ficou sério.
— Mais alguma coisa? — perguntei com deboche.
— Fale o menos possível.
— Ótimo. Não quero papo com ninguém mesmo.
— Daniela... — minha mãe chamou minha atenção.
Meu pai se aproximou e ficou me encarando. Sei o que é isso, ele quer me intimidar e mostrar quem manda. Odeio quando faz isso comigo, principalmente quando tem pessoas olhando. Desviei o olhar para os pés e ele se afastou de mim. Minha mãe arrumou minha roupa e depois ajeitou meu cabelo.
— Você está ótima.
Não respondi e olhei o lugar onde meu “noivo” apareceria. Um tempo se passou e dois homens entraram no local. Um era alto e tinha a pele morena. Usava um terno preto e tinha os braços para trás e uma postura impecável. O outro é baixinho e meio careca.
Ótimo!
— Seja bem-vindo, Sr. Alessandro. Espero que tenha corrido tudo bem em sua viagem.
— Obrigado. Foi uma viagem tranquila. Essa é sua filha? — falou olhando para mim. Não me mexi e nem abri a boca. É para ficar em silêncio, certo?
— Sim. Essa é minha filha querida.
Resisti a tentação de revirar os olhos quando meu pai falou isso.
— É uma bela garota. Parabéns.
— Obrigado.
— Podemos conversar em um lugar mais reservado?
— Claro. Me acompanhe.
Eles saíram da sala. Meu pai e o homem baixinho na frente e o alto moreno atrás.
— Aquilo é um guarda-costas?
— Sim.
— Só pode ser brincadeira — resmunguei e me joguei no sofá.
— Daniela! Sente-se direito!
— Eu não posso fazer nada! Não posso falar nada! E não posso me sentar como gosto! Que coisa mais chata isso!
— Fala baixo, Daniela...
— Estou cansada! Eu não quero me casar com ninguém! Ainda mais aquele cara! Mãe, eu sou mais alta do que ele! — falei indignada.
— Isso não tem importância.
— Só se for para você — respondi rabugenta.
— Tudo será entendido depois.
— O que mais tem nessa história que eu não sei?
— Nada.
— Parece que tem.
— Não tem nada, Daniela. Você precisa obedecer a seu pai e controlar seus impulsos. É o melhor para você que faça tudo como ele disser.
— Sou uma marionete.
— Filha...
— Tenho que ficar aqui esperando?
— Sim. — Ela suspirou.
— Ótimo! — falei com ironia.
Pareceu que se passaram horas desde que entraram no escritório do meu pai. Já estava cochilando no sofá quando minha mãe me sacudiu e me puxou para ficar em pé.
Levei um tempo para me recompor e os três apareceram. Estavam sorridentes e eu não gostei disso. O segurança estava sério, mas os dois eram só sorrisos e risadas. Queria eu poder rir assim...
— Combinado, então. Volto em uma semana — o baixinho falou.
Olhei meu pai e ele me ignorou.
— Vamos esperar.
— Até mais, Senhorita.
— Até — respondi com um sorrindo forçado.
Os dois saíram da casa e eu me joguei no sofá. Uma semana? Será que é para me levar embora? Só pode ser. Depois de casados, o marido pode devolver a noiva? Eu espero que sim, pois se vou morar com ele, vou fazer um inferno e ele vai me odiar. Espero que me mande de volta para casa.
Meu pai apareceu com um largo sorriso no rosto. Como não tinha mais baixinho e careca aqui, revirei os olhos ao ver a cara de felicidade dele.
— Então, como foi? Se sente bem em negociar a própria filha?
O sorriso sumiu na mesma hora.
— Isso não é um negócio. É seu futuro.
— Achei que meu futuro pertencia a mim e não a você — respondi carrancuda.
— Você não sabe nem controlar suas atitudes! Quanto mais o seu futuro.
— Futuro não existe. O que existe é o aqui e o agora.
— Por isso eu me encarrego de tudo a seu respeito.
— Não sou seu objeto! — falei um pouco alto. Ele se aproximou e começou o olhar intimidador. Odeio isso!
— Vá para o seu quarto e só saia na hora da escola.
— Ótimo! Não quero ver a sua cara mesmo. — Virei as costas e segui para o meu quarto.
Custei a dormir nesse dia. O que será de mim ao ser levada por aquele baixinho? Achei que ele ia ficar vindo aqui me conhecer mais, aí poderia colocar meu plano em ação. Não que eu não vá fazer isso, mas seria mais fácil aqui do que na casa dele. Pode ser que fique irritado e me jogue na rua. Não sei onde ele mora, se é perto daqui ou muito longe. Quem sabe em outro país! Meu pai não me disse nada. “Sou encarregado de tudo e você só tem que obedecer”. Odeio ouvir isso!
Alguns meses se passaram depois que comecei a treinar. Agora meu pai — finalmente — me deixou saltar os mais altos, mas ficava o tempo inteiro perto e olhando cada movimento errado que eu fazia. E não, não eram os maiores obstáculos. Ele disse que isso leva tempo e para parar de ser teimosa. Essa teimosia irritava nós dois. A teimosia dele em persistir no mesmo lugar, sendo que eu já era capaz de ir adiante e a minha de insistir para aumentar. No fim ele ficava bravo e me levava embora para casa.Quando contava isso para minha mãe, ela ria de mim e isso também me deixava irritada. Será que eles não entendem que não tenho mais cinco anos? Mas também tinha um lado bom nisso tudo... Às vezes meu pai não podia ficar e deixava o Breno comigo para me vigiar. Nesses momentos eu saltava muito mais à vontade. Sem falar que nos aproximamos bastante. E meu pai não pode saber disso nunca! Senão, não vai deixá-lo me ajudar nunca mais. Breno é um cara muito fofo e me deixa pular os obstáculos que eu
Me levantei bem cedo. Estava muito ansiosa. Quase não dormi direito. Finalmente meu pai ia me deixar começar a treinar salto com o Relâmpago. Foi uma discussão de meses, mas finalmente ele deixou, porém vai ficar do meu lado o tempo inteiro. Minha mãe disse que ele fez isso com ela também, mas depois de um tempo, começou a confiar. Só que parece que comigo ele nunca vai confiar. Não entendo o porquê disso. Eu e o Relâmpago nos damos muito bem.Estava sentada no sofá e esperava ele aparecer. Por que demora tanto?— Já está pronta?Olhei para trás e meu pai me encarou de braços cruzados.— Combinamos as oito.— Sim e são sete.— Ah... meu relógio deve estar errado...— Sei — falou descrente.— Mas eu espero.Ele balançou a cabeça em negação e voltou para o quarto. Ainda estava de pijama. Sei que não está na hora ainda, mas estou tão ansiosa! Minutos depois ele apareceu com outra roupa.— Vamos tomar café pelo menos.Respirei fundo e segui ele para a cozinha. Comi o mais rápido que conseg
Depois de contar a novidade a Guilherme e ver que ele ficou empolgado, relaxei. Não pretendia ter mais filhos, mas dei mole com o remédio e agora ganhei um presentinho extra...— Vai profetizar o sexo de novo? — perguntei debochada.Tínhamos acabado de deixar Manuela no quarto e fomos para o nosso. Estava morta de cansaço! Crianças demais...— Dessa vez eu não sei. Nem imaginei que íamos ter outro filho.— Eu também não — falei pensativa.— Não gostou?— Eu não queria outro filho, não vou mentir, mas já que veio... — Levantei os ombros. Guilherme se aproximou e me envolveu em seus braços.— Sei que vai amar esse como ama a Manuela.— É claro que sim. Mas se os dois brigarem, é melhor não me deixar por perto para separar...Guilherme riu e me abraçou apertado.— Tomara que seja um menino agora.***Esperamos a gravidez firmar para contar a novidade. Guilherme estava muito ansioso para ver a reação da Manuela. Achava que ela ia adorar a ideia. Eu já pensava o contrário... Se ela pensa co
Era o aniversário de cinco anos da Manuela. Daniela estava para lá e para cá arrumando as coisas da festa. A pequena ficava observando e falando quando não gostava de alguma coisa que colocavam na mesa. Daniela lançava aquele olhar que só a menina entendia. Aquele “cala a boca agora ou eu te calo”. Isso era infalível. Ela sempre saía perdendo. A menina os deixou sozinhos na sala terminando de arrumar. Pelo visto a opinião dela não conta ali...Puxou o banco da cozinha e ficou tentando subir. Quase caiu, pois ele era alto. Guilherme sempre falava para não se sentar ali, pois podia cair e se machucar.— O que está fazendo?A menina olhou para o lado e Guilherme estava de braços cruzados olhando-a.— Estava limpando o banco, papai... — Passou a mão nele fingindo. Guilherme se aproximou dela.— Você não escuta mesmo, não é?— Escuto sim. Estou te ouvindo agora — disse apontando para o ouvido. Guilherme riu e pegou a menina no colo.— Você sabe do que estou falando.A menina suspirou.— Eu
Esperava Daniela aparecer. Estava de braços cruzados em pé no portão de um dos cercados do Haras. Não sei como ela conseguiu me convencer disso, mas... Manuela estava ao meu lado e muito empolgada com a ideia da mãe louca dela.Minutos se passaram e a Daniela apareceu com a Teci.— Mamãe, não ia ser meu cavalo?— Outro dia. Para a primeira montagem você vai comigo. Respirei um pouco aliviado. Ela não é tão louca assim. Achei que ia colocar Manuela em cima do cavalo e deixar ela andar sozinha... Daniela subiu em Teci e me pediu para colocar Manuela. Coloquei ela em frente a Daniela.— Vai devagar.Daniela revirou os olhos quando falei isso.— Eu não sou tão louca assim! — disse estressada.— Tudo bem! — Levantei as mãos em rendição e me afastei um pouco.— Como faço ela andar? — Manuela perguntou ansiosa.— Primeiro vou te explicar como controlar ela e depois como andar.— Tudo bem — disse empolgada.Daniela explicou como ela comandava o cavalo com as rédeas lentamente e fazia Manuela
Achei que seria muito complicada a vida de casada e ainda por cima com filho, mas não posso reclamar. No início, ficava desesperada com os choros constantes de Manuela. Ela se contorcia e eu não sabia o que fazer. Maria vinha e fazia milagre, pois ela parava de chorar na hora. Como ela sabe dessas coisas se nunca teve filho?Depois do nascimento da minha filha, eu e Guilherme paramos as constantes brigas, não que não brigássemos mais, pois isso é impossível. Mas pelo menos diminuiu muito a frequência das brigas. Acho que por termos que amadurecer rápido por conta de Manuela. Não sei, mas foi bom.Três anos se passaram. Guilherme não competiu mais, mas treinava muita gente boa em competições. Com a ajuda de Guilherme, muitos conseguiam vencer ou quase isso. Guilherme disse que não queria competir mais, por causa da Manuela e também porque o Cometa não é mais um jovem cavalo e ele não quer prejudicar a saúde dele. Eu disse que ele é forte e que poderia competir mais, só que Guilherme zel
Último capítulo