O som da porta se abrindo quebrou o silêncio preguiçoso da cozinha.
Cassie, ainda com o rosto corado e os cabelos um pouco desalinhados, virou-se rápido, quase derrubando a concha que segurava.
Uriel estava atrás dela, mexendo uma panela, apenas o avental amarrado sobre o peito nu e calças de algodão. O aroma do tempero fresco misturava-se a algo mais denso no ar — um calor que não vinha apenas do fogão.
Hendrick parou no batente, observando.
Demorou alguns segundos antes de falar — o suficiente para entender sem precisar de explicações.
A tensão era quase palpável, uma vibração silenciosa entre Cassie e Uriel que o olfato aguçado dele captou no mesmo instante. O cheiro dela ainda estava no ar.
Ele soltou uma risada baixa, um som rouco e breve, balançando a cabeça.
— Espero que o almoço esteja tão bom quanto o cheiro — disse, com ironia tranquila.
Cassie piscou, nervosa, tentando parecer natural.
— Está quase pronto — respondeu. — Uriel se superou hoje.
— Ah, imagino. — Hendrick sorri