Eduardo Lira
Quando pousamos em Curitiba, a situação rapidamente se transformou em um pesadelo: a polícia me informou que havia um mandado contra mim por sequestro. Fui mantido por horas naquela sala, sem direito a advogado. O ódio que sinto por aquela mulher só aumentava, e a vontade de pedir ao Bruno que “sumisse” com ela parecia irresistível. Respirei fundo, contei até dez, cruzei braços e pernas, fechei os olhos e esperei.
Podem ter certeza: entrarei com uma queixa contra o modo como fui mantido preso, sem qualquer explicação. Augusto, sem dúvida, estava providenciando para que finalmente me liberassem. Olhei para o relógio: já se passavam quase três horas sem qualquer justificativa. Minha paciência estava no limite.
Levantei-me e fui até o espelho de duas faces. Arrumei o colarinho da camisa e forcei um sorriso de lado. Sabia que alguém do outro lado me observava, analisando minha postura. Minha esposa é psicóloga; se não aprendi nada sobre manipulação da mente humana, não teria