Os dias seguiam numa cadência delicada entre compromissos do casamento e momentos de silêncio que falavam mais que palavras. Elisa e Rafael estavam vivendo o que muitos chamariam de fase mágica, e de fato havia algo de encantador em tudo — desde os testes de menu até os sorrisos trocados no meio da correria. Mas Elisa sabia que mágica nenhuma sustentava uma relação. O que sustentava era o cuidado. O olhar atento. A escuta mansa. E Rafael era isso: um abrigo. Um farol. Uma escolha diária.
Mas desde a mensagem de Paula, algo se remexia dentro dela.
Era como se uma gaveta trancada no fundo do peito tivesse sido aberta sem permissão, espalhando memórias pela casa toda. Pequenas lembranças esbarravam em seus pensamentos nos momentos mais aleatórios — enquanto escolhia talheres, assistia a uma comédia boba com Rafael, ou mesmo ao escovar os dentes.
Era insuportável como o passado podia gritar mesmo quando tudo parecia em paz.
Na manhã de quinta-feira, Elisa acordou mais cedo do que de costu