Capítulo 2

Capítulo 2

Enquanto Yago e Beatriz caminhavam por ruas estreitas e pouco movimentadas. Ele a guiava com cuidado, mantendo-se sempre alerta, olhando para trás de vez em quando, como se esperasse ver alguém seguindo-os. Beatriz, ainda atordoada pelo sequestro e pelo efeito residual da droga, mal conseguia manter o ritmo. Seus passos eram lentos e desequilibrados, e ela se apoiava em Yago como se ele fosse sua única âncora em um mar de incertezas.

— Onde estamos indo? — perguntou Beatriz, sua voz fraca e trêmula.

— Para um lugar seguro — respondeu Yago, sem olhar para ela. Sua voz era calma, mas havia uma tensão subjacente que não passou despercebida por Beatriz.

Ela queria fazer mais perguntas, mas a exaustão e o medo a impediam. Em vez disso, concentrou-se em colocar um pé na frente do outro, tentando ignorar a dor latejante em sua cabeça e o gosto amargo que ainda persistia em sua boca. O cheiro doce do pano que haviam usado para drogar ela ainda parecia impregnado em suas narinas, trazendo à tona memórias recentes que ela preferia esquecer.

Depois de alguns minutos, Yago parou em frente a uma casa pequena e discreta, quase escondida entre edifícios maiores. A fachada era simples, com paredes de tijolos à vista e uma porta de madeira desgastada pelo tempo. Ele abriu a porta com uma chave que tirou do bolso e fez sinal para que Beatriz entrasse.

Dentro, o ambiente era modesto, mas aconchegante. Havia um sofá velho, uma mesa de madeira com algumas cadeiras e uma pequena cozinha no canto. As paredes eram adornadas com prateleiras cheias de livros e alguns objetos que Beatriz não reconheceu. Yago fechou a porta com cuidado e trancou-a, garantindo que estivessem seguros.

— Você pode sentar — disse ele, indicando o sofá. — Vou pegar algo para você beber.

Beatriz obedeceu, sentando-se com cuidado, como se temesse quebrar. Ela olhou ao redor, tentando entender onde estava e quem era aquele homem que a salvara. Yago voltou com um copo de água e o entregou a ela.

— Beba devagar — ele aconselhou. — A droga que usaram em você pode deixar efeitos por algumas horas.

Ela aceitou o copo com mãos trêmulas e deu um gole, sentindo a água fresca aliviar sua garganta seca. Enquanto bebia, observou Yago à distância. Ele era alto, magro, com cabelos escuros e desgrenhados que caíam sobre seu rosto angular. Seus olhos castanhos eram intensos, cheios de uma profundidade que ela não conseguia decifrar. Ele parecia jovem, mas havia algo em sua expressão que sugeria uma vida cheia de experiências difíceis.

— Quem é você? — perguntou Beatriz, finalmente encontrando forças para falar.

Yago hesitou por um momento, como se estivesse ponderando quanto revelar. Ele se sentou em uma cadeira próxima ao sofá e olhou para ela com seriedade.

— Meu nome é Yago — ele começou. — E, por enquanto, é melhor que você saiba apenas isso.

Beatriz franziu o cenho, sentindo-se frustrada com a resposta vaga.

— Você me salvou. Eu mereço saber mais.

Yago suspirou, passando uma mão pelo rosto. Ele parecia cansado, como se carregasse um peso enorme em seus ombros.

— Eu não sou quem você pensa que eu sou — ele disse, evitando seu olhar. — Há coisas no meu passado que são... complicadas. Coisas que eu preferiria deixar para trás.

Beatriz sentiu um frio percorrer sua espinha. Havia algo na maneira como ele falava que a deixou intrigada e, ao mesmo tempo, apreensiva.

— Você está em perigo? — ela perguntou, sua voz quase um sussurro.

Yago olhou para ela, e pela primeira vez, Beatriz viu uma sombra de vulnerabilidade em seus olhos.

— Todos nós estamos em perigo — ele respondeu, sua voz grave. — Mas você mais do que eu. Denis não vai desistir tão fácil.

O nome de Denis fez Beatriz estremecer. Ela fechou os olhos por um momento, tentando afastar as memórias que insistiam em voltar. Denis, seu ex-marido, era uma figura que ela preferia esquecer, mas que parecia sempre presente, como uma sombra que a perseguia.

— Como você sabe sobre Denis? — ela perguntou, abrindo os olhos e fixando-os em Yago.

Ele hesitou novamente, como se estivesse lutando consigo mesmo sobre quanto revelar.

— Eu... já ouvi falar dele — ele disse finalmente. — Ele não é alguém que se esquece facilmente.

Beatriz sentiu um nó se formar em sua garganta. Ela sabia que Yago estava certo. Denis era implacável, e ela tinha certeza de que ele não descansaria até tê-la de volta sob seu controle.

— O que eu faço agora? — ela perguntou, sua voz cheia de desespero.

Yago se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.

— Você fica aqui, onde está segura — ele disse. — Eu vou cuidar de Denis.

Beatriz olhou para ele, surpresa.

— Como? Você não sabe o que ele é capaz.

Yago sorriu levemente, mas não havia humor em sua expressão.

— Eu sei mais do que você imagina — ele respondeu. — E eu tenho meus métodos.

Beatriz queria acreditar nele, mas o medo ainda a consumia. Ela não conseguia entender por que Yago estava ajudando-a, ou o que ele ganharia com isso. Havia algo nele que a intrigava, algo que ela não conseguia definir.

— Por que você está fazendo isso? — ela perguntou, sua voz trêmula. — Por que se importa com o que acontece comigo?

Yago olhou para ela por um longo momento, como se estivesse decidindo o que dizer. Finalmente, ele respondeu:

— Porque já estive no seu lugar antes. E sei como é sentir que o mundo inteiro está contra você.

Beatriz sentiu uma lágrima escorrer pelo seu rosto. Ela não sabia por que, mas aquelas palavras a tocaram profundamente. Havia uma sinceridade em Yago que ela não esperava, e isso a fez sentir-se um pouco menos sozinha.

— Obrigada — ela murmurou, limpando as lágrimas com as costas da mão.

Yago assentiu, mas não disse mais nada. Ele se levantou e foi até a cozinha, onde começou a preparar algo para comer. Beatriz observou-o em silêncio, tentando processar tudo o que havia acontecido. Ela ainda estava assustada, mas havia uma pequena faísca de esperança em seu coração. Talvez, com a ajuda de Yago, ela pudesse finalmente escapar de Denis.

Do Outro lado da cidade…

Denis estava sentado em seu escritório, olhando fixamente para o telefone em sua mesa. Ele havia acabado de receber a notícia de que Beatriz escapara, e a raiva que sentia era palpável. Seus punhos estavam cerrados, e seus olhos brilhavam com uma fúria que assustaria qualquer um que o visse.

— Como ela escapou? — ele gritou, batendo com o punho na mesa.

O homem que estava à sua frente, um dos capangas que havia participado do sequestro, encolheu-se sob o olhar furioso de Denis.

— Foi aquele mendigo — ele respondeu, sua voz trêmula. — Ele apareceu do nada e nos surpreendeu.

Denis levantou-se de sua cadeira e começou a andar pelo escritório, tentando controlar sua raiva. Ele não podia acreditar que Beatriz havia escapado novamente. Ele havia planejado tudo com tanto cuidado, e agora tudo estava desmoronando.

— Encontre-a — ele ordenou, parando de repente e olhando para o capanga. — E encontre esse mendigo. Eu quero saber quem ele é e por que ele se meteu no meu caminho.

O capanga assentiu rapidamente e saiu do escritório, deixando Denis sozinho com seus pensamentos. Ele se sentou novamente em sua cadeira e olhou para uma foto de Beatriz que estava em sua mesa. Ela sorria na foto, mas Denis sabia que aquele sorriso era falso. Ele a conhecia melhor do que ninguém, e sabia que ela não poderia escapar dele para sempre.

— Você vai voltar para mim, Beatriz — ele sussurrou, passando um dedo sobre a foto. — Não importa o que custe.

Denis pegou o telefone e discou um número. Do outro lado da linha, uma voz grave atendeu.

— Preciso de mais homens — Denis disse, sua voz fria e calculista. — E desta vez, não vamos cometer erros.

Ele desligou o telefone e olhou novamente para a foto de Beatriz. Ele não ia desistir. Não importava o que fosse preciso, ele a traria de volta. E se alguém tentasse impedi-lo, descobriria o verdadeiro significado de sua fúria.

Enquanto isso, na casa segura, Yago terminou de preparar uma refeição simples e a levou até Beatriz. Ela olhou para o prato com gratidão, mas mal conseguia comer. Sua mente ainda estava girando, tentando processar tudo o que havia acontecido.

— Você precisa se alimentar — Yago disse, sentando-se ao lado dela. — Vai te ajudar a se recuperar.

Beatriz assentiu e começou a comer em silêncio. Enquanto comia, ela olhou para Yago, tentando decifrar o homem à sua frente. Ele era um mistério, mas havia algo nele que a fazia sentir-se segura

— O que você vai fazer agora? — ela perguntou, finalmente quebrando o silêncio.

Yago olhou para ela, seus olhos cheios de determinação.

— Vou garantir que Denis não chegue perto de você novamente — ele respondeu. — Mas para isso, preciso que você confie em mim.

Beatriz olhou para ele por um longo momento, tentando decidir se poderia realmente confiar nele. Finalmente, ela assentiu.

— Eu confio em você — ela disse, sua voz firme.

Yago sorriu levemente, mas havia uma sombra de tristeza em seus olhos.

— Então vamos começar — ele disse. — Porque esta noite, Denis vai descobrir que mexeu com as pessoas erradas.

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