Capítulo 4
(POV de Olivia)

Depois de se despedir de Victoria, Ethan desligou o telefone. Seus olhos cor de âmbar endureceram quando ele olhou para mim com desprezo.

— Olivia, quero ver você tentar me impedir de ver Lily de novo, se tiver coragem. — Disse friamente.

Sem dizer mais nada, ele se virou e caminhou em direção à porta. Seus ombros estavam retos, e seus passos eram confiantes, o andar de um homem que acreditava estar completamente certo.

Assim que ele saiu, minhas pernas cederam e um baque alto ecoou pela pequena casa quando eu desmaiei, caindo no chão.

Ethan se virou, instintivamente. Seus olhos se estreitaram quando ele me viu esparramada no chão de madeira.

— Olivia, eu já te avisei, não tente esses truques patéticos na minha frente. — Zombou.

Deitei-me no chão frio, ainda semiconsciente. Suas palavras me perfuraram como adagas de prata, pois de cada sílaba pingava desdém.

Na mente dele, eu era apenas uma mulher conivente recorrendo a medidas desesperadas. Uma mulher manipuladora tentando chamar a atenção e recorrendo a truques patéticos.

Ele me via como a mulher que o drogara cinco anos atrás, em seu aniversário com Victoria Frost. A bruxa malvada que forçou sua preciosa Victoria a, sozinha, deixar o território e suportar dificuldades, enquanto estava grávida de Emma.

Agora, ele acreditava que eu usava a doença de Lily para competir com Victoria por sua atenção. O pensamento fez a bile subir na minha garganta.

Eu queria gritar a verdade. Queria contar a ele como nossa filha sofreu, como ela implorou por seu amor até seu último suspiro. Meus lábios se separaram, tentando formar palavras. Eu também queria dizer a ele para que fosse embora, que nunca mais voltasse. Mas a fraqueza me dominou. Uma onda de escuridão caiu sobre minha consciência, me puxando para baixo.

(POV de Ethan)

Eu olhei para Olivia caída no chão e senti uma onda de aborrecimento percorrer meu corpo. Eu sabia que era apenas mais uma de suas táticas manipuladoras. Ela sempre tinha sido dramática, mas isso estava indo longe demais.

Virei-me para sair novamente, mas algo me fez parar. Sua respiração parecia superficial, seu rosto anormalmente pálido. Com um suspiro irritado, voltei e cutuquei seu ombro.

— Olivia, chega.

Ela não respondeu. Eu me agachei e a sacudi com mais firmeza, erguendo-a do chão.

— Olivia!

Quando ela continuou sem se mexer, meu aborrecimento evaporou, substituído pelo instinto. Eu a peguei antes que sua cabeça batesse no chão e embalei seu corpo inerte. A visão de seu rosto pálido e olhos fechados finalmente me convenceu. Aquilo não era um ato.

Sua pele estava fria sob meu toque. Pressionei dois dedos contra o pescoço dela, aliviado ao encontrar um pulso, embora estivesse mais fraco do que deveria. Então, a levantei com facilidade, carregando-a para o quarto. Seu peso era assustadoramente leve em meus braços.

Depois de deitá-la na cama, peguei meu telefone e chamei o número do Dr. Harold Bennett.

Meia hora depois, o Dr. Bennett chegou ao Bosque de Ipês. O médico idoso cuidava de nossa família desde que podia me lembrar.

No quarto principal, ele examinou Olivia minuciosamente enquanto eu esperava do lado de fora, impaciente. Quando ele finalmente saiu, sua expressão era grave.

— O que há de errado com ela? — Perguntei antes que ele pudesse falar.

Apesar do meu tom aparentemente casual, o Dr. Bennett sabia que não deveria subestimar minha pergunta. Ele servia a família Stone há vinte anos, testemunhando minha transformação após o ataque que matou minha mãe e me deixou cego por seis meses. Depois de recuperar a visão, brevemente, mostrei uma centelha de esperança, mas a perdi novamente depois de não conseguir encontrar a mulher que cuidou de mim durante minha amnésia. Tornei-me cada vez mais frio e distante até que Olivia entrou na minha vida.

— Ela está sofrendo de exaustão extrema e desnutrição. — Relatou o Dr. Bennett, ajustando os óculos. — Ela também está mostrando sinais de resposta severa ao luto.

Eu levantei uma sobrancelha.

— Luto?

— Sim, Alfa. É uma tristeza bastante profunda, na verdade. — Piscou longamente, depois desviou o olhar. — Tudo isso combinado com a privação de sono e a má nutrição, fez com que seu corpo simplesmente desligasse.

Meu olhar se estreitou quando o médico fez menção ao luto. O que Olivia teria para lamentar? Nossa filha estava bem, apenas doente, não morta como ela afirmava.

— Devemos pedir que alguém da casa principal venha para cuidar dela? — Perguntou em tom cuidadoso.

Eu sabia que ele estava pensando no passado, em como eu tinha sido devotado a Olivia. Mas as coisas eram diferentes agora. — Não. — Respondi secamente, dispensando o Dr. Bennett com um olhar. — Isso não será necessário.

(POV de Olivia)

Eu estava presa em um pesadelo, revivendo o dia em que Lily morreu.

O Dr. Marcus Fletcher estava diante de mim, com o rosto sério:

— Sinto muito, Sra. Winters. O doador de rim... desapareceu.

— O que você quer dizer com 'desapareceu'? — Perguntei, com a voz subindo um tom. — A cirurgia estava marcada para amanhã!

— O rim do doador foi redirecionado para outro paciente. — Disse, sem coragem para olhar nos meus olhos. — Não havia nada que eu pudesse fazer.

Senti que o chão sumia debaixo de meus pés.

— Mas Lily está esperando há meses! Ela não vai sobreviver sem este transplante!

O silêncio do Dr. Fletcher confirmou meus piores medos.

Corri de volta para o quarto de Lily, pegando meu telefone para ligar para Ethan. Chamou uma vez. Duas. Três. Mas foi para o correio de voz, todas as vezes.

— Por favor, Ethan. — Implorei após o sinal. — Lily precisa de você. O rim que ela receberia se foi. Você tem conexões, por favor nos ajude!

Mas meus apelos ficaram sem resposta.

Voltei para a cabeceira da cama de Lily, pegando sua mão pequena na minha. Sua pele era tão pálida que era quase translúcida. — Mamãe? — Sussurrou, em voz quase inaudível. — Papai ligou de volta?

Forcei um sorriso, engolindo as lágrimas.

— Ele está muito ocupado, querida. Mas ele te ama muito.

Os olhos cor de esmeralda de Lily, tão parecidos com os meus, me encararam cheios de compreensão, muito além de sua idade.

— Está tudo bem, mamãe. Eu sei que ele está com Emma.

Seus dedinhos apertaram os meus.

— Mamãe, estou com medo.

— Não tenha medo, querida. — Sussurrei, acariciando seu cabelo. — Mamãe está bem aqui.

— Vai doer? — Perguntou, com a voz trêmula.

Eu balancei minha cabeça, incapaz de falar, impedida pelo nó na garganta.

— Mamãe. — Sussurrou, com os olhos ficando pesados. — Você pode dizer ao papai que eu o amo? Mesmo que ele ame mais a Emma?

Antes que eu pudesse responder, sua pequena mão escorregou da minha e os monitores começaram a apitar quando seus olhos se fecharam para sempre.

— Não! — Gritei, pegando-a em meus braços. — Lily, por favor! Não me deixe!

Eu agarrei seu corpo frio contra o meu peito, tentando desesperadamente aquecê-la, para que a vida voltasse ao seu pequeno corpo.

— Por favor, querida. — Solucei, balançando-a para frente e para trás. — Por favor, não vá.

Mas ela já tinha ido embora. Minha linda e corajosa garotinha.

(POV de Ethan)

Acordei com o som de soluços e eram de partir o coração.

Desorientado, abri os olhos na escuridão, lembrando-me gradualmente de onde estava: no quarto de hóspedes de Olivia no Bosque de Ipês.

Eu estava exausto depois de passar o dia com Emma no Abrigo Médico Crista de Prata. A jovem loba precisou de outro check-up após o transplante de rim, e Victoria insistiu que eu estivesse lá.

Agora, esses gritos estavam interrompendo meu tão necessário descanso.

Com um rosnado irritado, levantei-me e segui o som até o quarto de Olivia. Ela se debatia durante o sono e lágrimas escorriam por seu rosto, enquanto agarrava o vazio, no ar.

— Olivia, o que você está fazendo? — Comecei a perguntar, prestes a empurrá-la para longe, mas parei.

Seu rosto estava contorcido em pura angústia, e as lágrimas criavam manchas molhadas no travesseiro. Aquilo não era atuação.

— Lily. — Choramingou, com a voz falhando. — Não me deixe, querida. Por favor, não vá.

Minha irritação desapareceu enquanto eu a observava sofrer. Sua dor era palpável, e seus sussurros de coração partido eram quase inaudíveis. Mesmo assim, consegui entender fragmentos de seus pedidos. 'Não vá embora.' 'Não posso viver sem você.'

Então, algo desconfortável se contorceu no meu peito, e sentei-me na beira da cama, sem saber o que fazer.

— Olivia. — Disse, com a voz mais suave do que o pretendido. — Acorde.

Ela não respondeu, ainda perdida em seu pesadelo.

Eu dei um tapinha gentil em seu rosto.

— Olivia, acorde, não chore. — Disse, com a voz ainda rígida, mas havia uma leve nota de conforto.

Mas ela não acordava, e as lágrimas continuaram a fluir. Seu corpo tremia a cada soluço.

Tirei um lenço da mesa de cabeceira e limpei cuidadosamente o rosto dela.

— Está tudo bem, não chore, estou aqui.

À medida que os soluços ficavam mais fortes, algo dentro de mim se partia. Eu não suportava vê-la com tanta dor, mesmo que não entendesse a origem de tamanho sofrimento.

Segurei seu queixo e me inclinei, pressionando meus lábios nos dela. Eu disse a mim mesmo que estava apenas tentando silenciar seus gritos, para acalmá-la. Mas, no momento em que nossos lábios se tocaram, algo elétrico passou entre nós. Uma conexão que eu vinha negando há muito tempo.

O beijo se aprofundou, meu corpo respondia à proximidade do dela. O que começou como conforto rapidamente se tornou outra coisa, apaixonada e descontrolada.

Minha mão deslizou por baixo da camisola dela e encontrou pele quente e macia. Todos os pensamentos de Victoria, de Emma, de nossos argumentos desapareceram. Naquele momento, havia apenas Olivia, minha companheira, minha Luna, a mulher cujo cheiro ainda chamava meu lobo, mesmo quando minha mente humana tentava negar.

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