por Milena
Eu estava no escritório, tentando focar em alguns documentos à minha frente, na tentativa de ocupar a cabeça, mas a concentração escapava como areia entre os dedos.
Decidi então organizar os livros que estava lendo, na esperança de que a tarefa meticulosa me ajudasse a encontrar algum senso de controle.
Porém, no instante em que meu dedo roçou a capa de um dos volumes, o telefone tocou, fazendo meu coração disparar.
Débora.
A mulher que, desde que me casei com Lucian, parecia sempre encontrar uma maneira de infiltrar-se em nossas vidas, como uma sombra que não conseguíamos sacudir.
Atendi com a mão trêmula, tentando inutilmente manter minha voz firme.
— Débora? — consegui dizer, minha voz traiçoeiramente carregada de apreensão.
— Boa tarde, Milena. Espero não estar interrompendo nada importante - a voz dela soou melosa, carregada daquela falsa cortesia que sempre me fazia sentir como se estivesse sendo envolvida por uma serpente.
— O que você quer? — repliquei diretament