Luísa

Eu estava magoada. É verdade.

Quando Leonardo recusou fazer amor comigo naquela noite, algo dentro de mim se partiu. Não porque ele não quisesse, mas porque ele disse em voz alta tudo o que eu vinha tentando esconder de mim mesma.

A nossa vida havia virado um ciclo. Um ciclo mecânico, frio, como se estivéssemos numa contagem regressiva para algo que nunca acontecia. O sexo, que sempre foi nosso refúgio, nosso ponto de conexão, havia se transformado em tarefa. Em expectativa. Em cobrança. De ambos os lados.

E ele estava certo.

Eu me peguei sentada na beira da cama, sozinha, no silêncio da manhã seguinte. Olhei para o espelho e me vi cansada. Não só fisicamente, mas emocionalmente exausta. Toda aquela ansiedade acumulada, os testes de farmácia escondidos, os cálculos do ciclo menstrual, as pesquisas em fóruns… eu estava me afundando nisso sem perceber.

Respirei fundo, encostei a cabeça no travesseiro e, pela primeira vez em muito tempo, perguntei a mim mesma: eu ainda quero contin