Luísa
Fiz todos os exames possíveis e imagináveis.
Consultei mais de um médico. Contei minha história, descrevi tudo, entreguei relatórios, papéis, perguntas engasgadas.
Ouvi o que eles tinham a dizer — todos eles.
E a resposta era sempre a mesma: "Você não tem nada que a impeça de engravidar."
A primeira vez que ouvi isso, senti alívio.
Na segunda, desconfiança.
Na terceira, raiva.
Como assim eu não tinha nada?
Então por que todo mês eu me decepcionava sozinha no banheiro?
Por que cada teste dava negativo, por que o atraso era só mais uma esperança falsa, por que meu corpo parecia tão silencioso diante de algo que eu queria tanto?
Comecei a evitar o assunto. Não com Leonardo — com o mundo. Comigo.
Era como se qualquer palavra sobre o tema abrisse uma porta para um lugar que eu não estava pronta para visitar.
Então, silenciosamente, decidi enterrar o assunto. Não desistir… mas deixar em suspenso.
Guardar dentro de uma caixinha imaginária no fundo do peito e seguir. Seguir como da