Leonardo
Já fazia um ano. Um ano desde que tomamos a decisão de parar de evitar uma gravidez. Um ano de esperança, expectativa, ansiedade — e nada. No começo, tudo era novidade, empolgação, até divertido de certa forma. Mas o tempo foi passando e, sem perceber, tudo começou a mudar.
A gente parou de falar sobre o assunto. Parecia que o silêncio era a forma mais segura de lidar com aquilo. Como se as palavras fossem quebrar algo frágil demais para suportar o peso da realidade. E, mesmo sem conversar, eu sentia o que estava acontecendo. Sentia no jeito dela me olhar, no cansaço nos nossos toques, na maneira como nossos corpos se buscavam com mais obrigação do que desejo.
Estava tudo ficando mecânico. Um roteiro ensaiado: ovulação, contagem, tentativa. Deixamos de nos amar com a leveza que sempre tivemos. Passamos a seguir uma rotina fria, quase como um dever. E isso estava me machucando. Nos machucando.
Foi por isso que comecei a pesquisar. Li sobre infertilidade masculina, sobre exames