Leonardo
Sábado de manhã, acordei cedo. Desci, comi qualquer coisa e fui direto para o escritório. Queria adiantar algumas coisas da semana. Tínhamos três possíveis novos contratos em vista — grandes, estratégicos — e eu não podia correr o risco de deixá-los escapar.
Sim, eu estava obcecado. Não só pelo trabalho, mas por tudo que aquele trabalho agora representava.
Fechei a porta do escritório e mergulhei nos papéis. Meu celular vibrou. Era uma mensagem de Luísa: “Fui visitar meus pais, volto mais tarde.”
Foi ali que me dei conta — ela tinha passado o sábado sozinha. Em casa. Comigo trancado ali, como se ela não existisse. Um incômodo silencioso me percorreu. Mas voltei para a mesa, empurrei os contratos para o lado e abri a gaveta.
Nosso contrato de casamento estava ali, exatamente onde eu o deixara.
Peguei o documento e, antes que percebesse, já estava com uma caneta na mão, circulando valores, datas, fazendo anotações soltas. Um círculo vermelho em torno da cláusula dos dois anos.