Maria Vitória Bocci
Passei o resto da manhã me sentindo sonza com tudo aquilo.

Quem, afinal, era Heitor Montenegro?

O homem que me mostrou os cavalos, que me fez rir com histórias de infância, que me deu leite de cabra numa caneca de alumínio e me chamou de vento... ou aquele outro — o das festas com pessoas desconhecidas, da música alta na madrugada, da bebida escorrendo entre os dedos, como se cada gole fosse um esquecimento?

Por que ele vivia daquele jeito?

Era fuga? Era negação? Era apenas solidão mal disfarçada?

Tomei um banho longo. Muito longo. A água escorria pelo meu corpo e parecia carregar um pouco das dúvidas também. Ainda havia lama nos meus cabelos, os resquícios da noite no campo, picadas de mosquito marcando minha pele como pequenas tatuagens da lembrança. Mas eu não reclamava. Como poderia?

Eu estava apaixonada pelo meu pai.

E isso era tão absurdo quanto real.

Apaixonada por um homem imperfeito, mas que, de repente, carregava em si todas as características que eu imaginei para um herói d
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