Mundo ficciónIniciar sesiónO sangue de Sofia gelou . Suava frio , estava gelada . Ainda tentava entender tudo aquilo que estava acontecendo diante de seus olhos .
- O que ? O que está tentando me dizer ? Eu vou morrer ? Aquele bandido vai me matar também ?
O delegado Joaquim se levantou, com um semblante sério.
- Vamos precisar te colocar sob proteção. Ninguém pode saber que você esteve aqui.
- Mas... e minha carreira ? Meu trabalho , meus amigos . Eu tenho uma vida lá fora .
- É pela sua vida que eu estou te dizendo que vamos ter que colocá-la sob proteção . Você precisa me ouvir com atenção! Fique calma .
- Como é que eu vou ficar calma? Não me peça para ficar calma .
- Esqueça sua carreira , seu trabalho , esqueça tudo ! Sua vida corre perigo ! Você precisa sumir por um tempo!
Antes que Sofia pudesse responder ou falar alguma coisa , um barulho de pneus cantando ecoou lá fora. Um policial olhou pela janela . Um carro preto tinha acabado de parar em frente a delegacia
- Caramba ..... já é tarde demais - murmurou o policial .
De dentro do carro preto , alguém atirou . O vidro da janela estilhaçou-se . O tiro atingiu a parede atrás de Sofia.
Ela gritou e se jogou no chão.
O policial sacou a arma , tentando reagir, mas o ataque era rápido , preciso , quase militar . Eles não estavam lidando com amadores .
- Sai! - ele gritou. - Corre!
Sofia se levantou e correu pelos corredores da delegacia. Os sons de tiros e gritos ecoavam.
A chuva voltara, grossa, Sofia tinha que correr , tomando cuidado para não escorregar.
No fim do beco, um homem a esperava.
Era ele. Matteo DeLuca. O mafioso.
Sofia congelou.
- Coragem não te falta, garota. Fugir de mim não é algo que muitos tentam duas vezes. - Disse Matteo com tom de ameaça .
- O que você quer ? Por que está fazendo isso ?
- Porque você estava no lugar errado e na hora errada .
- Eu não vou contar nada ! Juro !
- O problema , é que eu não acredito em promessas .
Ele deu um passo à frente.
Neste momento , um outro carro se aproximou . Os faróis iluminando o beco . Um dos capangas abriu a porta.
Matteo desviou o olhar por um segundo. Foi o suficiente.
Correu como se a própria vida fosse uma dança de fuga. Os pés batiam nas poças de água, a chuva apagava suas lágrimas. Sofia corria desesperada como se não houvesse amanhã.
- Deixa ela ir - disse Matteo.
- Chefe? - o capanga o encarou , confuso.
- Eu disse : deixa ela ir
- Sim , Senhor . Entra logo no carro , não podemos perder tempo aqui.
E foram .
Mas a conversa dentro do carro , já parecia ter começado .
- Chefe , eu recebi ordens de levar o Senhor para casa em segurança . Está tudo bem ?
- Estou bem sim , fica tranquilo . Mas estou cansado . Me leva logo para casa.
- Sim , Chefe.
Horas depois , em seu apartamento, no alto de um edifício, Matteo observava a cidade pela janela . Como de costume , estava se tranquilizando com um copo de uísque.
O relógio marcava duas horas da manhã . O copo de uísque refletia a luz da lua .
Morandi , seu braço direito, entrou em silêncio .
- Com licença , Chefe. Quer que eu encontre a garota?
Matter girou o copo entre os dedos . Pensativo .
- Descubra onde ela está . Não façam nada , e me contem depois.
- Não seria melhor a gente se livrar dela ? Ela pode dar com a língua nos dentes .
- Não.
- Mas ela te viu , Matteo.
- Eu sei .
- Então por que ...
Matteo virou-se lentamente . Seus olhos estavam brilhando , indecifráveis.
- Porque ela me olhou.... e por um segundo , eu me vi nela .
Morandi estreitou os olhos.
- Isso não é bom , Chefe . Cuidado para não se arriscar . Ela pode entregar o Senhor.
Matteo sorriu , com frieza .
- Ninguém precisa saber . Eu sei cuidar de mim . Agora faça o que eu mandei .
- Sim , Senhor .
- Antes de sair , ligue a TV . Quero relaxar um pouco. - Disse Matteo deitando-se no sofá .
Morandi ligou a TV . Os dois levaram um susto . No TeleJornal da madrugada , Sofia estava dando entrevista na porta de um hotel no centro da cidade .
Sabe-se lá como , os jornalistas descobriram que ela estava lá . Mas Matteo e Morandi tinham um palpite.
- Quase ninguém lembra que esse hotel existe, Chefe.
- Com certeza o Gerente a reconheceu e chamou os jornalistas . Assim , acaba atraindo movimento para o hotel . - Disse Matteo com um sorriso de canto de boca.
- O Senhor precisa de mais alguma coisa?
- Vá dormir . A noite foi muito longa . Agora eu já sei onde ela está.
- Sim, Senhor . Boa noite, Chefe.
- Boa noite , Morandi .
Lá fora, a chuva continuava caindo.
Em um pequeno quarto de hotel, Sofia abraçada no travasseiro , ainda estava nervosa . Em minutos , sua vida estava de cabeça para baixo . Em sua mente o olhar daquele homem a perturbava , a fazia chorar de tanto nervoso.
Cada vez que fechava os olhos, via o mesmo rosto.
Seria possível fugir dele? O Delegado já tinha deixado bem claro , que Matteo não ia deixá-la viva .
O que fazer?
- Eu não vou poder ficar aqui para sempre . Mas para onde eu vou? Eu não consigo pensar em nada . Será que eu devo falar com a polícia de novo? Será que eu posso mesmo confiar na polícia?
Inesperadamente , o telefone toca . Sofia estava tão nervosa , que só de olhar para o telefone ao lado da cama , começou a tremer de novo . Como se o telefone fosse atacá-la .
- Deve ser o Gerente avisando que tem jornalista de novo aí na frente . Vou atender e dizer que não quero falar com ninguém . Na verdade , eu já me arrependi de ter dado aquela entrevista . Acabei me expondo sem necessidade nenhuma.
E foi isso que Sofia fez. Atendeu o telefone .
Do outro lado , uma voz rouca e familiar sussurra :
- Espero que esteja confortável , bailarina.... acabei de te ver na TV .
Sofia ficou sem ar, parecia que ia desmaiar . Nem respondeu , nem falou nada.
- Lembra de mim?







