NARRAÇÃO DE SARA...
Talvez fosse loucura, mas eu também me sentia amada. Do seu jeito, é verdade… mas sentia. Ele não era homem de demonstrar sentimentos com palavras bonitas, e sim com gestos. Pequenos sinais, uma gentileza discreta, um cuidado disfarçado. E também grandes atos. Afinal, quem mais sairia numa noite de domingo, enfrentando uma nevasca, apenas para estar comigo?
Bastou ele dar partida no carro e, em poucos minutos, o mundo lá fora se transformou em um borrão branco. A neve caía pesada, grossa, e a estrada desaparecia diante dos nossos olhos. Apertei o buquê contra o peito e encolhi os ombros sob o casaco, ciente de que não chegaríamos a lugar nenhum — se é que havia algum restaurante aberto.
Brady parou o carro no acostamento. Até as luvas pretas de couro, combinando com o sobretudo, pareciam ter sido feitas para ele.
— Acho melhor aguardarmos. Isso não vai dar trégua… é perigoso.
— Está bem. — inspirei fundo. O ar quente começou a se espalhar pelo carro quando ele ligo