NARRAÇÃO DE BRADY DAWSON
Há dias em que me sinto à beira de perder o controle. Sara é a razão.
Sinto-me um homem sem palavras — e isso não acontece comigo. A promessa que fiz diante daqueles dois corpos foi real. Não pensei em nada no momento, apenas jurei. Quando somos traídos, quando perdemos quem amamos, a dor nos cega e nos arranca votos impossíveis. Acredito que teria cumprido a promessa sem hesitar se a dor tivesse permanecido latejando, insuportável, roubando meu sono. Teria sido fácil. Assim como foi fácil mantê-la durante nove longos meses — o tempo exato para que uma vida seja gerada dentro de um ventre.
E, de certa forma, eu também fui gerado nesse tempo. Transformado, moldado em um novo homem. Bastou sentir a presença delas. Seria cômico, se não fosse trágico, perceber que duas pessoas me curaram — uma delas mal tem meio metro de altura. A outra… a mãe dela. Sara. Com seu jeito doce e teimoso, foi me conquistando aos poucos, até que já não consigo me imaginar sem ela. Desd