NARRAÇÃO DE BRADY DAWSON
Sara se sentou devagar, como se o gesto fosse uma permissão silenciosa para que eu abrisse a porta de um quarto trancado dentro de mim.
Aproximei-me lentamente. Ela me olhou com certa relutância, mas não se afastou. Sentei ao seu lado em silêncio. Apoiei os cotovelos nos joelhos, entrelacei os dedos. O ar entre nós estava pesado, mas não de desconforto — era expectativa.
— Eu tinha vinte e seis anos… — comecei, percebendo minha própria voz mais grave. — Nos casamos. Aqui, no meio dessa máfia, tudo foi planejado, até o casamento. No início, eu estava relutante… mas, quando a conheci, ela se esforçou. Fez de tudo para me conquistar: voz suave, toques gentis, carinhos que hoje sei que foram apenas parte de um plano.
Trabalhava como um louco. Queria dar a ela tudo — casa, viagens, segurança… amor. E dei.
Meus olhos se perderam em um ponto distante, porque encará-la enquanto dizia aquilo seria como enfiar a faca duas vezes.
— Eu acreditava que éramos invencíveis. —