NARRAÇÃO DE SARA....
Sinto que ouvi mais o coração do que a razão. Ouvi meu coração quando aceitei entrar no carro dele com a Julie. Ouvi meu coração quando o silêncio daquela mansão foi quebrado apenas pelo seu desabafo. E ouvi, mais uma vez, quando ele confessou que a promessa fora quebrada depois de me conhecer.
Olhei seus lábios trêmulos. Os olhos, escuros e densos, carregavam uma dor que não era apenas dele — de alguma forma, também me atravessava. A dor era palpável, quase um peso no ar. Não era só tristeza: era ansiedade, arrependimento, a lembrança viva da traição, o fardo de ter tirado a vida de duas pessoas em quem confiava. E, ainda assim, havia arrependimento.
Talvez porque o feriram de forma covarde. Talvez porque, mesmo dilacerado, ele ainda se importasse. Não seguiu adiante… ou talvez esteja tentando agora. Mas o passado ainda sussurrava entre aquelas paredes.
Ele soltou o ar lentamente, como se libertasse um pedaço de si. Meu coração disparou. Não pensei. Não calculei.