Selene Castiel
(manhã após a noite no cativeiro)
O teto acima de mim era concreto cru. Frio. Cruel. Como se tivesse sido moldado não pra proteger… mas pra manter o inferno lá dentro.
O colchão era fino, mais áspero que dignidade ferida.
A comida no canto… intacta.
Eu não ia dar a eles o prazer de me ver ceder. Nem que meu estômago gritasse.
Me movi devagar. Cada músculo doía — mais pelo medo contido do que pelo corpo em si.
Então ouvi passos.
Não os mesmos de antes.
Esses... eram familiares.
O ranger da porta.
O cheiro de perfume caro.
E o veneno com sapato social.
Pietro.
Ele entrou como quem tem direito. Como se fosse chefe de algo.
Vinha com uma bandeja. E com aquele olhar — que um dia eu achei que era charme, mas agora só via disfarce.
— Bom dia, princesa.
Revirei os olhos, mesmo com o coração acelerado.
— Então é isso que você virou? Um entregador de máfia?
Ele soltou um riso leve. Quase ofendido.
— Achei que ia perguntar se eu tava bem. Afinal, faz tempo.
— Perguntaria… se você