Selene Castiel
A campainha tocou como quem cutuca uma ferida mal curada.
Abri a porta com calma.
E lá estava ele. Caius...
De pé. Na varanda. Com o céu nublado atrás e um buquê de flores digno de pedido de casamento em final de novela mexicana. E uma caixa de chocolates. Daquelas caras. Daquelas que a gente nem divide.
Tive que morder a parte de dentro da bochecha pra não rir. Ou chorar. Ou fazer os dois ao mesmo tempo.
Ele deu um passo.
— Eu… eu passei o dia tentando achar uma forma de me desculpar. De entender o que está acontecendo. De... — ele travou, olhando pra mim como se eu fosse a última página de um livro que ele não sabe se vai conseguir terminar — ...de alcançar você de novo.
Cruzei os braços. Inclinei o rosto.
— E achou nas flores e no chocolate?
Ele engoliu seco.
— É um começo.
— Hum. — dei um passo pra trás, abrindo a porta — Entra. Antes que chova e a sua tentativa de redenção derreta com os bombons.
Ele entrou. Devagar. Como quem pisa em campo minado. E, sinceramente?