A madrugada avançava silenciosa, e a luz da lua espiava por entre a fresta da pequena janela coberta com tecido velho. Beatriz acariciava os cabelos de Linda, que dormia aninhada em seu colo, o rosto tranquilo como há muito tempo não se via.
De repente, a menina abriu os olhos devagar, bocejou, esfregou os punhos nos olhos e disse com a voz sonolenta:
— Mamãe...
Beatriz sorriu e respondeu com ternura:
— Oi, meu amor. Dormiu bem?
— Eu sonhei...
— Sonhou com o quê?
— Eu sonhei com um homem muito bonito. Ele era alto, forte, tinha os olhos claros... verdes... e o cabelo dele era escuro, assim... e ele sorria pra gente. E ele dizia assim:
"Bia, eu te amo. Eu jamais vou deixar que nada te aconteça. Eu vou te buscar."
Beatriz sentiu o coração acelerar.
— Ele falou isso?
Linda assentiu com brilho nos olhos.
— E ele olhava pra mim e perguntava:
"Você é a minha filhinha? Você