Dois Corações e Uma Ameaça

O silêncio dentro do carro era confortável, como um cobertor leve numa manhã fria. Beatriz observava o mundo deslizar pela janela, os dedos entrelaçados aos de Eric, que dirigia com uma mão no volante e a outra firme sobre a dela, como se aquele gesto simples fosse a única certeza que ele precisava.

Detroit surgia no horizonte, imponente e cheia de lembranças. Era onde os dois haviam se reencontrado, onde a vida começava a tomar outro rumo. Beatriz estava mais serena, mas os olhos ainda carregavam marcas invisíveis — e Eric sabia ler cada uma delas.

— Nervosa? — ele perguntou, com voz baixa.

Ela assentiu com um sorriso tímido.

— Um pouco. É o primeiro exame desde que descobrimos. Eu ainda não acredito que isso está mesmo acontecendo.

Ele levou a mão dela até os lábios e depositou um beijo ali, com reverência.

— Está acontecendo. E eu vou estar com você em cada passo. Nós somos uma família agora.