A cidade onde agora viviam tinha outro ritmo. Era pequena, arborizada, de clima ameno e gente discreta. Um paraíso anônimo para quem buscava recomeços. Dani e John agora atendiam por novos nomes e já haviam passado pelas cirurgias plásticas necessárias para cortar qualquer vínculo visual com suas identidades anteriores.
Os dois estavam matriculados em acompanhamento terapêutico, tanto individual quanto em casal. A primeira exigência da Lia havia sido clara: para um dia estarem novamente com as filhas, precisavam estar curados, fortalecidos e íntegros — por elas e por si mesmos. O trabalho com a terapeuta vinha sendo intenso. Dani enfrentava o peso do passado, suas feridas mais profundas, os gritos que sufocara, os traumas que nunca confessara nem mesmo a John. Já John, apesar da aparência forte e protetora, lidava com a culpa, o medo e a constante autossabotagem de quem se envolveu para salvar, mas se perdeu junto. E foi nesse processo de