A porta da frente se abriu devagar, rangendo como se até ela sentisse o peso que vinha atrás. Erick entrou. Os ombros curvados. O rosto pálido, os olhos fundos. Cada passo dele parecia um lamento.
Na cozinha, sua mãe ajeitava a louça do café da tarde. Ao ouvir o barulho, sorriu, ainda de costas:
— Demorou, meu filho… Achei que você tinha decidido passar uns dias com a Bia lá, aproveitar antes do casame—
Ela parou. Virou-se devagar. E ali estava ele. Sozinho. Sem a Beatriz. Com o olhar quebrado.
Ela arregalou os olhos, deixando um pano cair no chão.
— Erick? Cadê a Beatriz?
Ele tentou falar. A boca se abriu, mas nenhum som saiu. O peito arfava. E então… colapsou. Caiu de joelhos no chão como um menino ferido, os braços desabando sobre as pernas, o rosto escondido.
— Mamãe... — ele soluçou. — A Bia foi sequestrada…
Ela se aproximou correndo, ajoelhando-se ao lado dele, as mãos tremendo ao tocá-lo.