Ainda estava completamente “anestesiada” naquela noite. Por um momento duvidei que o que havia acontecido horas antes, havia sido real. Naquele dia, não havia voltado para o jornal, passei o restante da tarde com Oliver e Jonah, sem conversamos mais sobre o que levou Oliver até a casa, apenas em silêncio, observando Oliver dormir. Era como se uma parte dentro de mim, ou Elena, precisasse disso. Queria estar perto do filho, ter mesmo que fosse algumas horas perto dele, ciente que mesmo assim, não mudaria tudo o que aconteceu. Não queria me sentir triste diante daquela situação, só que era impossível, continuava a me sentir culpada, mesmo não tendo nada haver com a morte de Elena. No fim da tarde, foi difícil me afastar de Oliver, meu corpo não queria e meu coração apertava de um modo, que nunca senti antes, apenas com o fato de eu pensar nessa possibilidade. Acabou quee com muito custo e com o “coração na mão” fui embora, promet
Oliver ainda dormia tranquilamente, quando Williams se aproximou horas depois. Ainda estávamos no jardim, só que agora dormia em seu carrinho, como se nada tivesse acontecido. Me sentia tecnicamente no céu, em meio a todo aquele verde e o sol que continuava atravessando o topo das árvores. Williams se aproxima com uma bandeja com dois copos do que parecia ser limonada, não hesito em pegar um dos copos e beber um pouco do liquido adocicado. Ficamos em silêncio por mais alguns segundos, até que a mesma pigarreia, arrumando a postura, que já estava mais do que ereta, antes de olhar para mim.— Já havia ouvido falar sobre o que acabei de ver — diz baixo, temendo acordar Oliver — Mas nunca acreditei que fosse verdade, levando uma das mãos até o pescoço — Ele parou de chorar quando ouviu seu coração, o coração da Elena! Realmente era algo surpreendente, até eu mesmo nunca havia presenciado algo do tipo, já havia lido uma matéria
Por um momento me senti perdida, no meio de tantas pessoas, vozes vindo de todas as partes. Me sentia num verdadeiro mar humano, enquanto meu coração batia desenfreado em meu peito. Apesar de não ter certeza sobre o que estava prestes a fazer, minha decisão, estava me movendo na direção que achava certa e que esperava não me arrepender. Deixo o troco com motorista, andando em passos largos, esbarrando em uma senhora que estava prestes a entrar no Mayo Clinic assim como eu, peço desculpas rapidamente e atravesso o saguão da recepção, indo direto para o balcão, aonde havia uma mulher menor que eu.— Posso ajudar? — Ela pergunta, quando nota que estou recuperando o fôlego, olhando atentamente para os lados, numa tentativa de ver Jonah.— Dr. Jonah Harris — digo quando finalmente consigo falar, respirando pelos meus lábios entre abertos — Está no hospital?— Dr. Jonah Harris — O olhar dela vai para o computador, aonde digita facilmente o nome do cardiologista, e
Suspiro profundamente antes de abrir os olhos, olhando para a janela, cuja cortina bege fina, não impedia que o sol entrasse. Meus olhos se sentem hipnotizados por a luz que entrava por ali, me sentia hipnotizada todas as manhãs e muitas vezes me questionava por quê mas, sempre acabava não me importando com uma resposta. Parecia que havia passado anos, mais só fez um mês. Um mês desde que sai do apartamento de Tyler e simplesmente não disse para aonde iria, deixando Beth e Tyler cheios de perguntas. Continuava no jornal, mais com um horário flexível agora e preferia o home office, aonde tinha a melhor companhia: Oliver. Demorei alguns dias para perceber que tinha tudo o que eu sempre queria bem ali, naquela casa. Tinha a melhor companhia diariamente, alguém que se importava comigo e me amava sem termos carnais, era assim que eu descrevia a minha relação com Jonah; Ele fazia questão de cuidar de mim em suas folgas do hospital, em estar comigo e Ollie
Brian Harris. Brian Harris. O nome repete diversas vezes em minha cabeça, a medida que ando em passos largos e rápidos. — Vou me casar com Brian Harris, Rebeca — A voz de Beth se torna cada vez mais alta em minha mente — Irei me casar. Com Brian Harris — Beth praticamente usa todas as palavras possíveis, para que eu entendesse. Fecho minhas mãos com força, tentando fazer com que parasse de esfregar aquela loucura na minha cara, mas era impossível. Saio abruptamente do elevador, ignorando algumas pessoas que me cumprimentavam a medida que avanço pelo extenso cômodo, com diversas mesas em seus próprios espaços invisivéis. Algumas pessoas me olhavam atentamente, talvez pelo fato de estar andando como se estivesse com pressa ou procurando alguém, realmente estava procurando alguém: Beth. Meus olhos vagam por todo espaço, com boa parte das mesas ocupadas, além de ter pessoas transitando de um lado para o outro, o que dificultava a minha busca.
Ainda não tinha certeza do que estava procurando, quando decidi a ir naquele lugar. Num banco traseiro de um táxi, sem ao menos ter olhado direito para o motorista, reuni o máximo de informações que encontrei em jornais, inclusive no jornal que trabalhava, sobre a morte de Elena há cerca de dois meses atrás. Em pé diante da mansão de Brian Harris, encaro o portão branco, ignorando as câmeras de seguranças viradas para mim. Caminho lentamente de um lado para o outro, olhando atentamente a rua, percebendo que todas as casas dali, tanto as vizinhas daquela mansão e as que estavam em frente, tinham câmeras de segurança. O que era um detalhe importante. Segundo os jornais, Elena estava saindo de casa, por volta dás 21h45 da noite, quando foi abordada e obrigada a sair do veículo, a menos de dois metros da mansão. Lembro mentalmente, olhando novamente para a mansão, antes de calcular a distância, notando que não era uma distância muito grande.
Aperto a campainha com força, repetindo o gesto diversas vezes, irritando até mesmo os vizinhos, que saem de seus apartamentos sem entender todo aquele barulho. Ignoro seus olhares em minha direção, continuando a apertar o pequeno botão, até que a porta abre de repente, me assustando. Beth estava molhada, enrolada em uma toalha. Havia sabão em seu corpo ainda, inclusive shampoo em seu cabelo, seu cenho franzido e seus olhos me varreram de cima a baixo, como se não esperasse por mim. E é claro que não esperava.— Oi — digo quando ela não diz nada.— Oi — Ela responde, ainda segurança a maçaneta da porta, me olhando.— Posso entrar? — Resolvo perguntar, quando ela mais uma vez fica em silêncio.— O apartamento não é meu, mas pode — Dito isto, ela volta para o interior do apartamento e fecho a porta atrás de mim, me mantendo encostada na mesma, enquanto meus olhos vagam pelo cômodo em minha frente. Estava tudo em seu devido lugar, Tyler não havia comprado
— Senhora — Ignoro a voz direcionada para mim, atravessando o saguão da empresa de Brian. Meus passos são rápidos enquanto andava em direção do elevador, sentindo um dos seguranças logo atrás de mim. Por sorte, as portas do elevador se fecham no exato momento em que ele iria me deter. Eu sabia que era questão de segundos, para que os demais seguranças que haviam naquele luxuoso prédio, estivessem a minha espera em algum dos andares. Se Brian achava que permitiria facilmente que Beth caísse em suas garras, ele estava muito enganado. O mundo inteiro poderia se iludir com a imagem que ele passava, mas eu era a única pessoa que o conhecia muito bem, que sabia que não havia limites para ele. Brian acreditava que tinha o mundo em suas mãos, assim como as pessoas. As portas do elevador abrem assim que um breve barulho soa, antes mesmo que eu saísse um segurança vem a minha espera, falando com alguém por um pequeno rádio.— Boa noite, senhora —