Já encarava algum tempo a mulher em minha frente, ouvindo ao longe os carros. Fora daquela sala, não se escutava muita coisa, apenas breves conversas baixas e passos suaves. Prestava atenção em tudo, principalmente os barulhos, menos na psiquiatra com olhos curiosos. A decoração da sala não lembrava um consultório médico, estava tentando associar a algo que me parecia familiar... Havia uma réplica de uma cabeça humana e seu cérebro humano, que eu sabia que se tivesse prestado atenção nas aulas de Anatomia, saberia identificar todas aquelas áreas, mas não estava me esforçando para lembrar, muito menos queria. Além disso, percebi que não havia fotografias dela ou de alguém importante para ela, nada! Era como se não tivesse vida social ou até mesmo alguém que não se importava. Não havia também porta— retratos em minha mesa, fotos com meus pais ou com Beth. Uma vez houve de Tyler e eu, no nosso segundo encontro, mas ele partiu meu coração literalmente (risos)
Nenhuma palavra havia dito, desde que chegamos no restaurante tailandês. Aparentemente Tyler já havia escolhido o que queria comer, diferente de mim, que estava completamente indecisa, me dando conta num impulso de um fato.— Não gosto de comida tailandesa! — digo abruptamente, jogando o cardápio sobre a mesa, assustando não somente Tyler mas, as demais pessoas que estavam nas outras mesas. Tyler olha para as pessoas ao nosso redor, antes de se inclinar para frente.— Mas você sempre comeu.— Antes! — digo sem diminuir meu tom de voz — Você mesmo já me disse que as coisas mudaram. Mudou para mim também — Cruzo os braços sob o peito, com a irritação tomando conta de mim e ao mesmo tempo temendo que Tyler me deixasse ali sozinha com pessoas que não conheciam e, que estavam me julgando naquele momento. O garçom se aproxima, gentilmente perguntando se estava tudo bem e se havíamos escolhido o segundo prato, contra minha vontade, Tyler escolhe algo por mim, qu
Encaro a fachada da casa em frente, com a certeza que a lembrança de Elena não fugiu de nenhum detalhe. Estava da mesma forma, como se até estivesse voltado novamente em uma de suas lembranças. Aperto a campainha da casa, esperando para que alguém vinhesse ao meu encontro. Segundos depois, o portão menor abre e Jonah aparece, sorrindo sem mostrar os dentes, dando um passo para o lado.— Por favor, entre — diz num tom gentil, lanço um meio sorriso em sua direção. A medida que andava, continuo notando que estava tudo como da última vez que estive ali, se fechasse os olhos conseguiria entrar na casa sem me perder, a sensação de familiaridade e a lembrança vivida de Elena, estavam cada vez mais presente. Jonah caminha ao meu lado, em direção da escada de dois andares com janelas e portas de vidro. O caminho de pedras, passava no meio do jardim bem cuidado, com diversos tipos de flores, inalando um perfume delicioso.— Eu vi o vídeo — Ele comenta com o olhar baixo
Ainda estava completamente “anestesiada” naquela noite. Por um momento duvidei que o que havia acontecido horas antes, havia sido real. Naquele dia, não havia voltado para o jornal, passei o restante da tarde com Oliver e Jonah, sem conversamos mais sobre o que levou Oliver até a casa, apenas em silêncio, observando Oliver dormir. Era como se uma parte dentro de mim, ou Elena, precisasse disso. Queria estar perto do filho, ter mesmo que fosse algumas horas perto dele, ciente que mesmo assim, não mudaria tudo o que aconteceu. Não queria me sentir triste diante daquela situação, só que era impossível, continuava a me sentir culpada, mesmo não tendo nada haver com a morte de Elena. No fim da tarde, foi difícil me afastar de Oliver, meu corpo não queria e meu coração apertava de um modo, que nunca senti antes, apenas com o fato de eu pensar nessa possibilidade. Acabou quee com muito custo e com o “coração na mão” fui embora, promet
Oliver ainda dormia tranquilamente, quando Williams se aproximou horas depois. Ainda estávamos no jardim, só que agora dormia em seu carrinho, como se nada tivesse acontecido. Me sentia tecnicamente no céu, em meio a todo aquele verde e o sol que continuava atravessando o topo das árvores. Williams se aproxima com uma bandeja com dois copos do que parecia ser limonada, não hesito em pegar um dos copos e beber um pouco do liquido adocicado. Ficamos em silêncio por mais alguns segundos, até que a mesma pigarreia, arrumando a postura, que já estava mais do que ereta, antes de olhar para mim.— Já havia ouvido falar sobre o que acabei de ver — diz baixo, temendo acordar Oliver — Mas nunca acreditei que fosse verdade, levando uma das mãos até o pescoço — Ele parou de chorar quando ouviu seu coração, o coração da Elena! Realmente era algo surpreendente, até eu mesmo nunca havia presenciado algo do tipo, já havia lido uma matéria
Por um momento me senti perdida, no meio de tantas pessoas, vozes vindo de todas as partes. Me sentia num verdadeiro mar humano, enquanto meu coração batia desenfreado em meu peito. Apesar de não ter certeza sobre o que estava prestes a fazer, minha decisão, estava me movendo na direção que achava certa e que esperava não me arrepender. Deixo o troco com motorista, andando em passos largos, esbarrando em uma senhora que estava prestes a entrar no Mayo Clinic assim como eu, peço desculpas rapidamente e atravesso o saguão da recepção, indo direto para o balcão, aonde havia uma mulher menor que eu.— Posso ajudar? — Ela pergunta, quando nota que estou recuperando o fôlego, olhando atentamente para os lados, numa tentativa de ver Jonah.— Dr. Jonah Harris — digo quando finalmente consigo falar, respirando pelos meus lábios entre abertos — Está no hospital?— Dr. Jonah Harris — O olhar dela vai para o computador, aonde digita facilmente o nome do cardiologista, e
Suspiro profundamente antes de abrir os olhos, olhando para a janela, cuja cortina bege fina, não impedia que o sol entrasse. Meus olhos se sentem hipnotizados por a luz que entrava por ali, me sentia hipnotizada todas as manhãs e muitas vezes me questionava por quê mas, sempre acabava não me importando com uma resposta. Parecia que havia passado anos, mais só fez um mês. Um mês desde que sai do apartamento de Tyler e simplesmente não disse para aonde iria, deixando Beth e Tyler cheios de perguntas. Continuava no jornal, mais com um horário flexível agora e preferia o home office, aonde tinha a melhor companhia: Oliver. Demorei alguns dias para perceber que tinha tudo o que eu sempre queria bem ali, naquela casa. Tinha a melhor companhia diariamente, alguém que se importava comigo e me amava sem termos carnais, era assim que eu descrevia a minha relação com Jonah; Ele fazia questão de cuidar de mim em suas folgas do hospital, em estar comigo e Ollie
Brian Harris. Brian Harris. O nome repete diversas vezes em minha cabeça, a medida que ando em passos largos e rápidos. — Vou me casar com Brian Harris, Rebeca — A voz de Beth se torna cada vez mais alta em minha mente — Irei me casar. Com Brian Harris — Beth praticamente usa todas as palavras possíveis, para que eu entendesse. Fecho minhas mãos com força, tentando fazer com que parasse de esfregar aquela loucura na minha cara, mas era impossível. Saio abruptamente do elevador, ignorando algumas pessoas que me cumprimentavam a medida que avanço pelo extenso cômodo, com diversas mesas em seus próprios espaços invisivéis. Algumas pessoas me olhavam atentamente, talvez pelo fato de estar andando como se estivesse com pressa ou procurando alguém, realmente estava procurando alguém: Beth. Meus olhos vagam por todo espaço, com boa parte das mesas ocupadas, além de ter pessoas transitando de um lado para o outro, o que dificultava a minha busca.