A parte mais estressante naquele dia, com certeza foi enfrentar uma loja de roupa com outras mulheres. Eu gostava de comprar roupas, isso claro, antes. Perder algumas horas olhando vitrines e provando roupas que acabaria não levando. Mas naquele dia, necessariamente naquele momento, não me vi nem um pouco atraída com o fato de comprar roupas novas e acabei saindo da loja com as primeiras peças de roupa em que vi, sem ao menos as provar. Aproveitei o tempo que tinha ao sair da loja e procurar um táxi, para ligar para o seguro do apartamento e isto sim foi estressante, ter que explicar como meu apartamento havia pegado fogo mesmo eu não estando lá. Eles acabaram mencionando por fim, que precisavam da perícia da polícia para tomar um veredicto, o que para mim significava que eu teria que passar alguns dia em algum motel. Observar as pessoas pela janela do táxi, me acalmou por um momento, me fez esquecer por um tempo todos os meus problemas mas, isto só durou até meu cel
Quando abro novamente meus olhos, estou em um corredor de um hospital, a maca que estava deitada, passa rapidamente pelas luzes no teto e isto acaba por me deixar um pouco tonta, novamente ouço uma breve conversa e de repente entro em uma sala com a iluminação moderada, dessa vez reconhecendo o médico que se debruça sobre meu corpo. Era Jonah. Mais lágrimas escorrem pelos cantos dos meus olhos, enquanto em minha mente uma voz gritava para ele me ajudar e não me deixar morrer. Eu não queria morrer, novamente, sabia que era pedir muito mas, eu só queria mais uma chance... Um aparelho não muito longe de mim começa a apitar de um jeito estranho. Não estranho o suficiente para saber o que significava. Eu estava morrendo! Não! Não! Não!!, começo a gritar na minha cabeça inutilmente, sabendo que ele não poderia me ouvir, que ninguém ali poderia e mesmo assim continuei, até o ver começar uma massagem cardíaca, enquanto eu o olhava fixamen
Acompanho Elena pelo longo corredor com meia dúzia de janelas. Ela havia mudado de roupa, com certeza indecisa com o que vestir, acreditando que de alguma forma Brian não gostaria. Seu cabelo estava preso num coque perfeito atrás da cabeça e apenas pelo seu andar, sabia que estava tensa. Desço os degraus da longa escada, olhando atentamente para o cômodo que havia logo em baixo. Era uma sala espaçosa, com sofás claros e janelas grandes, cobertas por pesadas cortinas. Havia uma lareira no canto e fotografias sobre elas, além de objetos, incluindo vasos, que só de olhar, sabia que era caros. Desço devagar a escada de mármore branco brilhando, conseguindo ver meu reflexo ali. Meus dedos deslizam pelo corrimão de madeira, não encontrando uma farpa no caminho. Aparentemente era a casa perfeita, apenas esperando pela família perfeita. Por estar distraída com todos os detalhes daquela sala, acabo perdendo Elena e me sinto em um labirinto. Pass
Me sentia um verdadeiro fantasma, transitando de um lado para o outro, seguindo Elena. Mesmo eu sabendo que o fantasma ali, era ela. Não havia mais nenhum sinal de Brian pela casa, o que fez deduzir que o mesmo havia ido para sua empresa adorada. Na grande mansão, só havia Elena e os funcionários, que estavam ocupados demais em suas tarefas, para prestarem atenção na senhora daquela casa. Pelo menos, era o que parecia. Em determinado momento, não percebo quando Elena para de chorar e fungar, só me dou conta que ela havia trocado de roupa, quando passa rapidamente por mim, vestida em um dos seus vestidos floridos e seu cabelo solto. Seus passos eram largos e rápidos, e não precisei muito para concluir que ela estava indo de encontro a Jonah. Sentada no banco de trás do conversível branco, observo Elena dirigir, uma vez ou outra seus olhos iam para os espelhos retrovisores, como se estivesse suspeitando que alguém a estava seguindo. Pelos próxi
Num instante sentia que não estava em nenhum lugar e sim presa dentro de mim mesma, no outro, como um estalar de dedos, estava novamente no quarto, rodeada pelo silêncio. Um longo e perturbador silêncio. Meus olhos vagam pelo quarto mal iluminado, demoro para perceber Elena ainda deitada nessa cama, agora dando algum sinal de vidas. Ela ainda não estava morta. Continuo em pé na frente da cama, ciente que não poderia interferir e que estava ali para assistir. E somente isso. Elena se mexe na cama e geme de dor com o movimento. Seu corpo não voltou a ficar inertil, pelo contrário, ela continuou se mexendo, até conseguir rolar de lado e se sentar. Um gemido um pouco mais alto escapa de seus lábios e com dificuldade, liga o abajur ao lado. Sua respiração estava entre cortada, era como se a dor que estava sentindo, impedisse que respirasse normalmente. Ela olha para seus braços, notando ali manchas roxas profundas, espalhadas pela ext
Num momento já não estava diante de Jonah e Elena. E sim sendo atravessada por uma Elena bem melhor e com hematomas mais claros. Com o cenho franzido, a observo se movimentar ao redor da mesa redonda da varanda, enquanto a arrumava com o café da manhã. Solto o ar dos pulmões, tentando me encontrar naquela nova lembrança. Quanto tempo havia se passado?, me ouço perguntar na minha mente. Não muito tempo, já que os hematomas que estavam pelo corpo de Elena. E por que parecia que nada havia acontecido? Que ela só havia se machucado ou tido um acidente? Me senti confusa, isto fez com que eu me encostasse num canto da varanda e sem outra opção, começar a observar Elena, que neste momento já havia se sentado diante da mesa redonda, com um caderno de desenho e seu cappuccino de avelã. Estava concentrada, o que não era algo anormal. Seu cabelo não estava solto, como gostava, em ondas quase perfeitas, abaixo de seus ombros.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto, a medida que o desconforto cresce mais em minha garganta, chegando a fazer com que engasgasse e perdesse o fôlego. A sensação aumenta gradativamente, até que percebo que estou encarando o teto do que parecia ser de um quarto, sentindo as lágrimas que escorriam pelo canto dos meus olhos, enquanto sentia algo em minha garganta, comprido. Engasgo, com a sensação de vômito crescente em mim. É quando levo uma das mãos até a minha boca, notando ali uma espécie de tubo circular, aos poucos começo a puxá— lo para fora da minha boca, o sentindo se mover dentro da minha garganta, até que eu consigo o tirar de uma vez e uma forte ânsia de vomito me atravessa, o que faz eu perder o fôlego e quase vomitar. Quando recupero meu fôlego, minha garganta está doendo e me dou conta dos barulhos que estavam ao meu redor. Depois disso, percebo que há fios ligados ao meu corpo, não era um ou dois, era pelo menos meia dúzia, todos ligados às máquinas
— Come mais um pouco — Orienta minha mãe, quando pouso a colher de volta na tigela de sopa, pela metade, que a enfermeira havia deixado ali. Havia sido informada, pelos meus pais, que durante o tempo que estava dormindo, fui alimentada pela sonda e mesmo não estando acordada, sabia que não deveria ser algo muito agradável. Apesar de Louise acreditar que estaria com meu apetite renova, não foi bem como me senti; Não estava com fome e ver a comida diante de mim, não abria meu apetite, mesmo assim ela ainda conseguiu fazer com que desse quatro colheradas no líquido mas, na quinta colher, já tinha a sensação que se forçasse mais uma colher, vomitaria tudo.— Não quero mais — murmuro.— Você tem que comer, Rebeca — Ela faz questão de ressaltar — Ficou todo este tempo sem comer, agora mais do que nunca precisa comer algo. Olho para ela, inspirando profundamente, esperando que ela entendesse.— Não estou mais com fome, mãe.— Precisa comer mesmo sem fome.— Nã