Lucca respirou fundo, mas o ar que entrou parecia pesado demais, quase impossível de sustentar dentro do peito. Ele passou a mão pelos cabelos, como se aquele gesto simples pudesse reorganizar os pensamentos, alinhar os nervos, devolver alguma lógica ao caos que fervia por dentro.
Ainda assim, a pergunta saiu lenta, envenenada de medo, raiva e algo que ele não ousava nomear.
— Você acha que a Isadora teria coragem de voltar? — a voz dele saiu baixa, mas carregada, como pólvora prestes a acender. — Olhar pra tudo isso e… reaparecer? Tomar o que acha que é dela?
Rafael não respondeu de imediato. Primeiro, o analisou, como um médico avalia um paciente antes de tocar a ferida, como um advogado mede palavras antes de decidir se destrói ou salva alguém. E somente depois, olhando diretamente nos olhos dele, sem piscar, respondeu:
— Sim. — A palavra caiu como um veredito, sem espaço para negação. — Eu acho.
Lucca sentiu o maxilar apertar, a tensão percorrendo a musculatura do rosto como se fos