O som do motor chegou antes dos faróis.

Céline estava encostada na mureta da varanda interna quando escutou o ronco grave do veículo cruzando o portão principal. O pátio lá embaixo se encheu de movimento: passos apressados, ordens secas, um ou outro assobio para chamar atenção de alguém.

Ela não via tudo com clareza daquele ponto, mas não precisava.

O corpo dela soube antes dos olhos.

Um aperto no peito, um calor que subiu pela garganta, um tremor leve nas mãos.

Ele está aqui.

O pensamento surgiu como certeza, não como desejo.

Por um segundo, ela ficou imóvel.

Se descesse, se colocasse o próprio corpo no caminho dele, seria a primeira coisa que Auren veria ao sair do carro. Isso alimentaria exatamente o que falavam nos corredores: humana no meio, distração, fraqueza.

Se não descesse, se ficasse ali em cima, esperando, ela sentiria como se estivesse se escondendo dele. E esconder-se era tudo o que promet