Os portões se abriram com um rangido prolongado, como se as dobradiças tivessem se alimentado de ferrugem e ossos ao longo de séculos. Auren avançou, a forma bestial impondo cada passo como um golpe contra o silêncio sepulcral do castelo. As garras arranhavam as pedras do chão, produzindo um som agudo que ecoava pelas paredes altas, e o ar que o recebia era denso, pesado, impregnado de pó e memórias mortas.
Não havia dúvida. Céline estava ali dentro. O cheiro dela atravessava a estrutura, impregnado nas paredes, nos corredores, no próprio ar. Mas junto com ele vinha algo distorcido, manipulado. Draven espalhara lembranças dela como quem espalha armadilhas em um campo de caça.
Fenrir rugia em sua mente, impaciente.
— Ele ri de você. Usa o cheiro dela como coleira.
Auren manteve o olhar fixo, as pupilas dilatadas.
— Ele não entende que eu sinto a diferença. Céline não está nessas paredes. Ela está viva. Ela pulsa. É isso que eu sigo.
— Então arranque esse eco de mentira e destrua tudo.